O espaço representativo de uma instituição
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Palavras-chave

Liceu de Artes e Ofícios
Angelo Agostini

Como Citar

SILVA, Rosangela de Jesus. O espaço representativo de uma instituição: a exposição de 1882 no liceu de artes e ofícios. Encontro de História da Arte, Campinas, SP, n. 7, p. 463–472, 2011. DOI: 10.20396/eha.7.2011.4168. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/eha/article/view/4168. Acesso em: 22 jul. 2024.

Resumo

A formação de uma nação pautada por modelos e princípios “civilizados” de países europeus foi uma preocupação que marcou a intelectualidade brasileira no século XIX. Na segunda metade daquele século a imprensa assumiria um papel decisivo na divulgação e promoção desses princípios. O fim da escravidão, a industrialização e a necessidade de uma população preparada foram questões amplamente debatidas. O surgimento e aprimoramento de instituições que de alguma maneira favorecessem o alcance do progresso e “civilização” do Brasil foram logo reconhecidas. É nesse ambiente que uma instituição como o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro alcança credibilidade e recebe apoio de intelectuais, artistas, professores e da imprensa em geral. As atividades realizadas no espaço dessa instituição ganham uma dimensão que merecem ser problematizadas. A função educativa e de formação exercida pelo Liceu parece se aproximar de outras iniciativas, que mesmo sem se apresentar explicitamente como uma escola, parecem também ter apresentado ideais pedagógicos. É o caso da imprensa ilustrada, e particularmente do trabalho do artista e jornalista Angelo Agostini, o qual parece ter construído em torno de si a imagem de um homem empenhado em edificar um país melhor, mais civilizado, amparado pelos princípios emancipadores da cultura. Agostini usou suas publicações para informar, divulgar e criticar, com textos e imagens, eventos de natureza política, social, econômica e cultural. Também deixaria claro, em vários momentos, o reconhecimento da importância, das possibilidades de comunicação e valor da imprensa ilustrada, ou seja, utilizou conscientemente e com objetivos e interesses suas revistas. Esse artigo pretende analisar a atuação de Agostini enquanto crítico de arte, mas com uma atenção especial para um conjunto específico de críticas produzidas em 1882, acerca da exposição de arte realizada no Liceu de Artes e Ofícios. A ideia é mostrar como uma instituição como o Liceu, que representaria um esforço de ações para modernização do país através da educação e profissionalização, recebeu por parte do jornalista uma espécie de chancela de aprovação. Esse reconhecimento iria além das atividades cotidianas da instituição, sendo evidenciada quando da realização de uma exposição de arte. É como se Agostini chamasse atenção para a importância dos eventos artísticos ocorridos fora da instituição oficial – a AIBA, como se fora dali a expressão pudesse ser mais livre, ou pelo menos, ser analisada mais sob aspectos estéticos e menos sob aspectos políticos. Evidencia-se no corpo de críticas produzidas nos periódicos de Angelo Agostini a diferenciação no tratamento e cobertura às Exposições Gerais da Academia e essa ocorrida no Liceu. É um discurso que parece se estabelecer no âmbito simbólico de um espaço e do significado atribuído a este. 

https://doi.org/10.20396/eha.7.2011.4168
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Referências

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