Resumo
A Nave da Basílica da Madalena em Vézelay apresenta a particularidade de ser decorada com um número de capitéis historiados sem equivalente na arte românica, com exceção de alguns claustros. O estado de conservação dos capitéis, após a campanha de restauração liderada por Viollet-le-Duc no final do século XIX, é excelente. Essas esculturas não são simples emblemas decorativos, mas verdadeiros “lugares de imagens”, suportes de uma história, cujo sentido o espectador tenta captar. Todos os historiadores que se debruçaram no estudo da abacial tentaram em vão buscar um sentido atrás desta multiplicidade de imagens, uma coerência, para chegarem à constatação da ausência de um fio condutor, de um pensamento único. Mas, num meio que abrigava algumas das maiores figuras intelectuais deste tempo, não seria subestimar as capacidades de reflexão de comandatários que aliás estavam na origem da construção de um monumento que testemunhava não somente de verdadeiras proezas técnicas, mas também de um pensamento muito elaborado e de alta espiritualidade? Não estaríamos assim perpetuando a falsa idéia de um empirismo que teria presidido a edificação do monumento, a elaboração de sua decoração, executada ao belprazer da fantasia dos escultores e dos interesses dos monges?
Referências
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