Banner Portal
A chefia xinguana e suas casas
PDF

Palavras-chave

Casa
Chefia
Parentesco
Alto Xingu
Kalapalo

Como Citar

GUERREIRO JÚNIOR, Antonio Roberto. A chefia xinguana e suas casas. Tematicas, Campinas, SP, v. 21, n. 42, p. 73–113, 2013. DOI: 10.20396/tematicas.v21i42.11477. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas/article/view/11477. Acesso em: 24 abr. 2024.

Resumo

De tempos em tempos, os Kalapalo e demais alto-xinguanos constroem estruturas especiais para seus chefes: grandes casas decoradas para chefes vivos, e sepulturas especiais para nobres falecidos – também concebidas como suas “casas”. Neste artigo analiso como estas estruturas guardam uma série de analogias com o modelo de corpo dos chefes, procurando mostrar como casas, sepulturas e corpos nobres objetivam, em diferentes escalas, uma dualidade entre humanidade/consanguinidade e animalidade/afinidade. A partir de um diálogo com as formulações de Lévi-Strauss sobre a Casa, argumento que a chefia xinguana é caracterizada pela síntese de princípios de unidade e antagonismo, cuja objetivação é parte necessária do movimento pelo qual os grupos xinguanos se diferenciam e se identificam no sistema regional, oferecendo as bases do processo do parentesco.

https://doi.org/10.20396/tematicas.v21i42.11477
PDF

Referências

AGOSTINHO, P. Kwarìp – Mito e ritual no Alto Xingu. São Paulo: E.P.U/EDUSP, 1974.

BARCELOS NETO, A. Festas para um “nobre”: ritual e (re)produção sociopolítica no Alto Xingu. Estudios Latino Americanos, v. 23, p. 63-90, 2003.

BARCELOS NETO, A. Apapaatai: rituais de máscaras no Alto Xingu. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 2008.

BASSO, E. B. The Kalapalo Indians of Central Brazil. New York: Holt, Rimehart and Wineton Inc., 1973.

BERGÈS, M. Claude Lévi-Strauss et les réseaux: parenté et politique. KLESIS – Revue philosophique, n. 10, p. 1-33, 2008.

CARSTEN, J.; HUGH-JONES, S. (Eds.). About the House: Lévi-Strauss and Beyond. Cambridge: Cambridge University Pressed. 1995.

COELHO DE SOUZA, M. S. O traço e o círculo: o conceito de parentesco entre os Jê e seus antropológos. Rio de Janeiro, 2002. Tese de Doutorado, PPGAS – Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

COELHO DE SOUZA, M. S. Parentes de sangue: incesto, substância e relação no pensamento timbira. Mana, v. 10, n. 1, p. 25-60, 2004.

COELHO, V. P. Motivos Geométricos na Arte Uaurá. In: ______. (Org.). Karl von den Steinen: um século de antropologia no Xingu. São Paulo: EDUSP, 1993, p. 591-629.

EMMERICH, M; EMMERICH, C.; VALLE, L. S. O Kuarupe – Árvore do Sol. Bradea – Boletim do Herbarium Bardeanum, IV (49): 388-391, 1987.

ERIKSON, P. Faces of the Past: Just How “Ancestral” Are Matis “Ancestor Spirit” Masks? In: FAUSTO, C.; HECKENBERGER, M. J. (Eds.). Time and Memory in Indigenous Amazonia: Anthropological Perspectives. Gainesville: University of Florida Press, p. 219-242, 2007.

FAUSTO, C. Donos demais: maestria e domínio na Amazônia. Mana, v. 14, n. 2, p. 329-366, 2008.

FIGUEIREDO, M. V. Centralização e faccionalismo: imagens da política no Alto Xingu. Rio de Janeiro, 2006. Dissertação de Mestrado, PPGAS – Museu Nacional/UFRJ.

FIGUEIREDO, M. V. A flecha do ciúme. O parentesco e seu avesso segundo os Aweti do Alto Xingu. Rio de Janeiro, 2010. Tese de Doutorado, PPGAS – Museu Nacional/ UFRJ.

GORDON, C. About the House: Lévi-Strauss and Beyond (Resenha). Mana, v. 2, n. 2, p. 192-195, 1996.

GORDON, C. Economia selvagem: ritual e mercadoria entre os Xikrin. Rio de Janeiro: UNESP/ISA/NuTI, 2006.

GOW, P. O parentesco como consciência humana: o caso dos piro. Mana, v. 3, n. 2, p. 39-65, 1997.

GUERREIRO JÚNIOR, A. R. Assimetria e coletivização: notas sobre chefes e caraíbas na política Kalapalo (Alto Xingu, MT). In: COELHO DE SOUZA, M.; LIMA, E. C. D. (Eds.). Conhecimento e cultura: práticas de transformação no mundo indígena. Brasília: Athalaia, 2010, p. 119-149.

GUERREIRO JÚNIOR, A. R. Aliança, chefia e regionalismo no Alto Xingu. Journal de la Société des Américanistes, v. 97, n. 2, p. 99-133, 2011a.

GUERREIRO JÚNIOR, A. R. Esteio de gente: reflexões sobre assimetria e parentesco a partir de depoimentos de chefes kalapalo. R@U – Revista de Antropologia Social dos alunos do PPGAS-UFSCar, v. 3, n. 1, p. 95-126, 2011b.

GUERREIRO JÚNIOR, A. R. Refazendo Corpos para os Mortos: As Efígies Mortuárias Kalapalo. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America, v. 9, n. 1, Article 1, 2011c.

GUERREIRO JÚNIOR, A. R. Ancestrais e suas sombras: uma etnografia da chefia kalapalo e seu ritual mortuário. Brasília, 2012. Tese de Doutorado – Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília.

HECKENBERGER, M. J. The Ecology of Power: Culture, Place, and Personhood in the Southern Amazon, A. D. 1000-2000. New York: Routledge, 2005.

HECKENBERGER, M. J. Forma do espaço, língua do corpo e história xinguana. In: FRANCHETTO, B. (Org.). Alto Xingu: uma sociedade multilíngue. Rio de Janeiro: Museu do Índio – FUNAI, 2011, p. 235-279.

HUGH-JONES, S. Clear Descent or Ambiguous Houses? A Re-Examination of Tukanoan Social Organisation. L´Homme, v. 33, n. 126-128, p. 95-120, 1993.

HUGH-JONES, S. Inside-out and back-to-front: the androgynous house in Northwest Amazonia. In: CARSTEN, J.; HUGH-JONES, S. (Eds.). About the House: Lévi-Strauss and Beyond. Cambridge: Cambridge University Press, 1995, p. 226-252.

LAMAISON, P.; LÉVI-STRAUSS, C. La notion de maison. Terrain: revue d´ethnologie de l´Europe, v. 9, 1987.

LEA, V. R. Nomes e nekrets Kayapó: uma concepção de riqueza. Rio de Janeiro, 1986. 587 p. Tese de Doutorado – Museu Nacional/UFRJ.

LEA, V. R. Casas e Casas Mebengokre (Jê). In: VIVEIROS DE CASTRO, E.; CARNEIRO DA CUNHA, M. (Orgs.). Amazônia: etnologia e história indígena. São Paulo: EDUSP, 1993, p. 265-282.

LEA, V. R. Casa-se do outro lado: um modelo simulado da aliança mebengokre (Je). In: VIVEIROS DE CASTRO, E. (Org.). Antropologia do parentesco: estudos ameríndios. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995a, p. 321-359.

LEA, V. R. The Houses of the Mebengokre (Kayapo) of Central Brazil: A New Door to their Social Organization. In: HUGH-JONES, S.; CARSTEN, J. (Eds.). About the House: Lévi-Strauss and Beyond. Cambridge: Cambridge University Press, 1995b, p. 206-225.

LÉVI-STRAUSS, C. Clã, linhagem, casa. In: ______. Minhas palavras. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 183-235.

LÉVI-STRAUSS, C. La voie des masques. Paris: Pocket, 2004.

LIMA, T. S. Um peixe olhou para mim: o povo Yudjá e a perspectiva. São Paulo/Rio de Janeiro: ISA/ Unesp/NuTI, 2005.

RIVIÈRE, P. Houses, places and people: community and continuity in Guiana. In: CARSTEN, J.; HUGH-JONES, S. (Eds.). About the House: Lévi-Strauss and Beyond. Cambridge: Cambridge University Press, 1995, p. 189-205.

SAHLINS, M. Tribesmen. Oxford: Engelwood Cliffs, 1968.

SEEGER, A. The Meaning of Body Ornaments: A Suya Example. Ethnology, v. 14, n. 3, p. 211-224, 1975.

STRATHERN, M. One Man and Many Men. In: GODELIER, M.; STRATHERN, M. (Eds.). Big Men and Great Men: Personifications of Power in Melanesia. Cambridge: Cambridge University Press, 1991, p. 197-214.

VIVEIROS DE CASTRO, E. O problema da afinidade na Amazônia. In: ______. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac & Naify, 2002a, p. 87-180.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena. In: ______. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac & Naify, 2002b, p. 345-399.

VON DEN STEINEN, K. Entre os aborígenes do Brasil Central. São Paulo: Departamento de Cultura, 1940.

WAGNER, R. The Fractal Person. In: GODELIER, M.; STRATHERN, M. (Eds.). Big Men and Great Men: Personifications of Power in Melanesia. Cambridge: Cambridge University Press, p. 159-173, 1991.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2013 Antonio Roberto Guerreiro Júnior

Downloads

Não há dados estatísticos.