Banner Portal
Entre os campos medicinal e religioso
PDF

Palavras-chave

Cura popular
Religiosidade
Benzimento

Como Citar

BERNARDES, Letícia Elias. Entre os campos medicinal e religioso: algumas considerações em torno dos conhecimentos da prática do benzimento em Caldas, Minas Gerais (2000-2020). Tematicas, Campinas, SP, v. 31, n. 61, p. 234–265, 2023. DOI: 10.20396/tematicas.v31i61.16988. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas/article/view/16988. Acesso em: 13 maio. 2024.

Resumo

O benzimento/benzeção configura-se como uma prática popular de cura, presente no Brasil, e é transmitida ao longo dos séculos por meio da oralidade. Benzedeiros e benzedeiras são procurados para sanar males, geralmente se dedicando a doenças particulares e, nesse sentido, constitui-se um ofício de cura específico. Dessa maneira, o presente trabalho se concentra na análise dessa manifestação cultural no século XXI, examinando vestígios de como ocorre a apreensão e a transmissão do ofício, os processos de cura e as ligações entre os campos medicinal e o religioso, a partir do município de Caldas, situado no Sul de Minas Gerais. Sob os pressupostos da História Oral, realizou-se, por meio do trabalho de campo, duas entrevistas com uma benzedeira e um benzedeiro do referido município. A análise se debruça em múltiplas facetas da arte de benzer, investigando a permanência do benzimento entre os anos 2000-2020.

https://doi.org/10.20396/tematicas.v31i61.16988
PDF

Referências

ABREU, Martha. Religiosidade Popular, Problemas e História. In: CIRIBELLI, Marilda Corrêa; HONORATO, Cezar Teixeira; LIMA, Lana Lage da Gama; SILVA, Francisco Carlos Teixeira da (Orgs.). História & Religião. Rio de Janeiro: Mauad, 2002.

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

ANDERSON, Warwick. From subjugated knowledge to conjugated subjects: science and globalisation, or postcolonial studies of science?, Postcolonial Studies, v. 12, n. 4, pp. 389-400, 2009.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Memória do sagrado: estudos de religião e ritual. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.

BETHENCOURT, Francisco. O imaginário da magia: feiticeiras, adivinhos e curandeiros em Portugal no século XVI. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

CONDÉ, Mauro Lúcio Leitão. Ludwik Fleck: estilos de pensamento na ciência. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, pp. 123-143, jan-jun, 2014.

DIAS, Marcelo. A cura anunciada – Métodos e práticas de cura nos jornais. In: Repressão ao curandeirismo nas Minas Gerais na segunda metade dos oitocentos. Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São João del-Rei, São João del-Rei: 2010.

DUPRÉ, Sven; SOMSEN, Geert. The History of Knowledge and the Future of Knowledge Societies. Bericht zur Wissenschaftsgeschichte, 42, pp. 186-199, 2019.

FLECK, Ludwik. Gênese e Desenvolvimento de um Fato Científico: introdução à doutrina do estilo de pensamento e do coletivo de pensamento. Belo Horizonte: Fabrefactum Editora, 2010.

GOMES, Núbio Pereira de Magalhães; PEREIRA, Edmilson de Almeida. Flor do não esquecimento: cultura popular e processos de transformação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

GOMES, Núbio Pereira de Magalhães; PEREIRA, Edmilson de Almeida. Assim se benze em Minas Gerais: um estudo sobre a cura através da palavra. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2018.

GURGEL, Cristina. Doenças e medicinas dos colonizadores e seus descendentes. In: GURGEL, Cristina. Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos. São Paulo: Contexto, 2010, pp. 133-168.

LEGIÃO PUBLICAÇÕES. O que é mediunidade?. Disponível em: https://legiaopublicacoes.com.br/o-que-e-mediunidade-20. Acesso em: 10 jul. 2022.

LÉVI-STRAUSS, Claude. O feiticeiro e sua magia. In: LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2008, pp. 181-199.

NEALE, Timothy; KOWAL, Emma. “Related” Histories: on Epistemic and Reparative Decolonization. History and Theory, v. 59, n. 3, pp. 403-412, 2020.

NOGUEIRA, André Luís Lima. Dos tambores, cânticos, ervas... Calundus como prática terapêutica nas Minas setecentistas. In: GOMES, Flávio; PIMENTA, Tânia Salgado (Orgs.). Escravidão, doenças e práticas de cura no Brasil. Rio de Janeiro: Outras Letras, 2016, pp. 15-35.

OLIVEIRA, Elda Rizzo. O que é Benzeção. São Paulo: Brasiliense, 1985.

PATINIOTIS, Manolis. Between the local and the global: History of Science in the European Periphery meets post-colonial studies, Centaurus, v. 55, pp. 361-384, 2013.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. In: POLLAK, Michael. Estudos Históricos, Rio de Janeiro: vol. 2, nº 3, 1989 pp. 200-212.

PORTELLI, Alessandro. Tentando aprender um pouquinho. Algumas reflexões sobre a ética na História Oral. Projeto História. São Paulo, nº 15, pp. 13-49, abr. 1997.

QUINTANA, Alberto. A ciência da benzedura: mau olhado, simpatias e uma pitada de psicanálise. Bauru: EDUSC, 1999.

RAJ, Kapil. Beyond Postcolonialism and Postpositivism. Circulation and the Global History of Science. Isis, v. 104, n. 2, pp. 337-347, 2013.

RIBEIRO, Márcia Moisés. A Ciência dos Trópicos: a arte médica no Brasil do século XVIII. São Paulo: Hucitec, 1997.

SEVCENKO, Nicolau. Máquinas, massas, percepções e mentes. In: SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Cia das Letras, 2001, pp. 59-93.

MELLO e SOUZA, Laura de. O diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.

WILKER, Nikelen. Dizem que foi feitiço: as práticas de cura no sul do Brasil (1845-1880). Porto Alegre: EDIPUCSRS, 2001

WILKER, Nikelen. Curanderismo: um outro olhar sobre as Práticas de Cura no Brasil no século XIX. In: Vidya. v. 19. n. 34. jul./dez. 2020.

WISSENBACH, Maria Cristina. Ritos de Magia e Sobrevivência: sociabilidades e práticas mágicas no Brasil (1890/1940). Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo: 1997.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2023 Letícia Bernardes

Downloads

Não há dados estatísticos.