O sagrado transgressor nos corpos incandescentes de Linn da Quebrada e Baco Exu do Blues
DOI:
https://doi.org/10.20396/proa.v11i2.16562Palavras-chave:
Linn da Quebrada, Baco Exu do Blues, Sagrado, Segredo, Transgressão, Religião, ErotismoResumo
O objetivo deste artigo é analisar a concepção de sagrado que emerge nos trabalhos de Linn da Quebrada e Baco Exu do Blues, artistas que vêm se destacando na cena contemporânea a partir da música, irradiando sua atuação também para a performance, o audiovisual, a moda, entre outras linguagens. Partindo de temas como o erotismo, a sexualidade, o segredo, assim como a apropriação impensada de elementos religiosos institucionalizados, como orixás e deuses, identifico os contornos de uma força transgressora, atraente e repulsiva, que compõe o sagrado na obra de Linn e Baco. Minha aposta é a de que, considerando as devidas diferenças entre artistas, seus trabalhos contestam as bases sociais que sustentam o racismo, o machismo e a Lgbtfobia, entendendo o sagrado hegemônico branco, masculino e heteronormativo como um dos seus pilares. Consequentemente, sua proposta produz uma concepção alternativa de sagrado em sintonia com a prática artística voltada para a resistência, a subversão e mudança da sociedade.
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