Resumo
O artigo tem por proposição apresentar possíveis caminhos metodológicos para a análise de música popular gravada, levando em conta seu caráter transdisciplinar. Partiremos da noção de “áudio-arte de estúdio”, proposta por Turino (2008), e do conceito de “música montável”, trabalhado por Molina (2017), pensando possíveis aproximações teóricas e metodológicas entre tais autores. Ademais, partimos de uma noção do materialismo-histórico e de um entendimento discursivo diante da materialidade musical (MARX, 2011; ALTHUSSER, 1970; ORLANDI, 2001). Assim, consideramos as condições de produção materiais e históricas de um fonograma enquanto interferentes necessários na produção de sentido de uma sonoridade. Por fim, levantaremos percursos que possam ser adotados em análises que se proponham a delinear a sonoridade de um fonograma em um sentido amplo e multifacetado, exemplificando tal proposta analítica a partir do disco Minas (1975), de Milton Nascimento, entendido aqui como uma obra resultante do Clube da Esquina.
Referências
ADORNO, Theodor. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Os Pensadores: Benjamim, Habermas, Horkheimer, Adorno. 2 Ed. São Paulo: Abril, 1983a, p.165-191
ADORNO, Theodor. Ideias para a sociologia da música. In: Os Pensadores: Benjamim, Habermas, Horkheimer, Adorno. 2 Ed. São Paulo: Abril, 1983b, p.259-268
ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos do estado. Lisboa: Editorial Presença, 1970
BAIA, Silvano Fernandes. A historiografia da música popular no Brasil (1971-1999). Tese (doutorado em História Social) – Departamento de História, FFLCH, Usp, São Paulo, 2011. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-14022011-115953/publico/2010_SilvanoFernadesBaia.pdf. Acesso em 13 mar. 2022
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2020
COAN, Emerson Ike. Quatro décadas de “Minas” e “Geraes”. A dimensão política da obra de Milton Nascimento. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 18, n. 2, p. 163-176, jul/dez. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.5216/sec.v18i2.42382. Acesso em 06 dez. 2020
DINIZ, Sheyla Castro. “Nuvem Cigana”: a trajetória do Clube da Esquina no campo da MPB. Dissertação (mestrado em Sociologia) – Departamento de Sociologia, IFCH, Unicamp, Campinas, 2012. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/278903/1/Diniz_SheylaCastro_M.pdf. Acesso em 06 dez. 2020
DINIZ, Sheyla Castro. “... De tudo o que a gente sonhou”: amigos e canções do Clube da Esquina. Ed. 1. São Paulo: Intermeios, Fapesp, 2017
FAVERY, Gilberto Alves. O idiomatismo musical de Dom Um Romão: um dos alicerces da linguagem do sambajazz na bateria. Dissertação (mestrado em Música) - Departamento de Música, IA, Unicamp, Campinas, 2018
GARCIA, Walter. Elementos para a crítica da estética do Racionais MC’s (1990-2006). Ideias, n.7, nova série, 2º semestre, Campinas, 2013
GIMENES, Marcelo. Aspectos estilísticos do jazz através da identificação de estruturas verticais encontradas na obra de Bill Evans. Dissertação (mestrado em Artes) - Departamento de Música, IA, Unicamp, Campinas, 2003
HAROCHE, Claudine; PÊCHEUX, Michel; HENRY, Paul. A semântica e o corte saussuriano: língua, linguagem, discurso. [S.I]: [s.n], 1971. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/pecheux/1971/mes/semantica.htm. Acesso em 21 out. 2021
MARX, Karl. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. Brasil: Boitempo, 2011
MOLINA, Sérgio Augusto. Música de Montagem: a composição de música popular no pós-1967. 1. Ed. São Paulo: É Realizações, 2017
MORIN, Edgar. On ne connaît pas la chanson. Communications, 6, 1965. Chansons et disques. p. 1-9. Disponível em: https://doi.org/10.3406/comm.1965.1064. Acesso em 10 mar. 2022
NUNES, Thais dos Guimarães Alvim. A sonoridade específica do Clube da Esquina. 2005. Dissertação (mestrado em Música) – Departamento de Música, IA, Unicamp, Campinas, 2011
ORLANDI, Eni. Análise de Discurso: Princípios e Procedimentos. Campinas, SP, Pontes Editores, 2001
RUIZ, Teo. Autoprodução Musical. Ed. 1. Brasil: Iluminuras, 2016
TAGG, Philip. Analisando a música popular: teoria, método e prática. Em Pauta, v. 14, n.23, dezembro, 2013
TATIT, Luiz. A canção, eficácia e encanto. São Paulo: Atual, 1986
TATIT, Luiz. O Cancionista: composição de canções no Brasil. São Paulo: EDUSP, 2002
TATIT, Luiz. Estimar Canções: estimativas íntimas na formação do sentido. Cotia: Ateliê Editorial, 2016
TURINO, Thomas. Music as social life: the politics of participation. EUA: University of Chicago Press, 2008
VILELA, Ivan. Nada ficou como antes. Revista USP, São Paulo, n.87, p.14-27, set/ou/nov. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i87p14-27. Acesso em 06 dez. 2020
VITENTI, Ada. Uma Certa Musicalidade nas Esquinas de Minas (1960-1670). Dissertação (mestrado em História) – Universidade de Brasília, Brasília, 2010. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/9252/1/2010_AdaDiasPintoVitenti.pdf. Acesso em 06 dez. 2020
WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1999
Referências discográficas
AMOR DE ÍNDIO. Beto Guedes. Brasil: EMI Records Brasil Ltda, Universal Music International, 1978
CLUBE DA ESQUINA. Milton Nascimento e Lô Borges. Brasil: EMI Records Brasil Ltda, 1972
GERAES. Milton Nascimento. Brasil: EMI Records Brasil Ltda, 1976
MINAS. Milton Nascimento. Brasil: EMI Records Brasil Ltda, 1975
SGT. PEPPER’S LONELY HEARTS CLUB BAND. The Beatles. Inglaterra: Apple Corps Ltd, Calderstone Productions Limited, 1967
TERRA DOS PÁSSAROS. Toninho Horta. Brasil: Dubas Musica, 1979
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2022 Esdras Garcia Pereira, Leandro Barsalini