Resumo
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma leitura da estética do rapper brasileiro contemporâneo Makalister Antunes, concentrando-se nos debates acerca das contradições da etapa atual do sistema capitalista. Tem-se como horizonte, assim, as relações entre forma estética e contexto histórico, buscando marcas que possibilitem perceber nas canções a decantação de processos sociais dialeticamente constituídos. Como pressuposto, será trabalhada a noção de “estética da insônia”, pensada como certa disposição presente no gesto cancional de Makalister relacionada à supressão dos espaços subjetivos e não administrados pela lógica da forma-mercadoria na contemporaneidade. Espera-se, enfim, com base nesse movimento analítico — de cunho materialista e apoiado, ainda, nos modelos de Tatit (2002) e Tagg (2003) —, ser possível lançar luz sobre questões que, apesar de bastante profícuas, são ainda pouco discutidas no contexto da canção popular.
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