Inscrições - 2024

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

XVIII ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE DA UNICAMP

7 A 10 DE OUTUBRO DE 2024

REAPROPRIAR E REESCREVER

EDITAL

1. Tema: Reapropriar e Reescrever

Vista a partir da sua potencialidade para pensar o presente, a História da Arte se desvela  como uma coexistência de tempos. É constituída de fragmentos e vestígios, como imagens e gestos do passado que atravessam por brechas e irrompem, no agora, com novos sentidos. Em suas diferentes temporalidades, os historiadores e os artistas se apropriam dessas imagens para a construção de novas narrativas, ao passo que são atravessados pelos seus próprios gestos de (re)apropriação.

É a partir do século XX que significativa atenção se volta às práticas de reapropriação como instrumentos de subversão das histórias oficiais. Reusos tornaram-se uma ferramenta de destaque desde as vanguardas históricas. Os papiers collés cubistas rompiam o isolamento do plano pictórico, e o collage surrealista fazia da reconfiguração de imagens uma porta para o indizível. O ready-made dadaísta, por sua vez, lograva subverter de uma só vez o lugar social dos objetos e as convenções sociais da arte. Esses aprendizados foram recobrados pelas novas vanguardas do pós-guerra, das maneiras mais diversas. Arte pop, novo realismo, arte conceitual, todas essas variantes apresentaram suas releituras do ready-made. Em uma chave mais abertamente politizada, o  détournement situacionista, propunha o “desvios” de "elementos estéticos pré-fabricados" para contestar as ideias de propriedade intelectual  e o fetichismo da cultura. Com isso, abriam caminho para que essas ferramentas de ressignificação deixassem o campo estrito da arte de vanguarda e se tornassem instrumentos estético-políticos dos movimentos sociais renovados pela contracultura - como nos movimentos feministas e LGBTQIA+, os filmes de arquivo, ou found footage, com a montagem fílmica sendo usada para corromper e promover rupturas em imagens patriarcais e heteronormativas, dando voz a narrativas marginalizadas.

No agora, as rupturas se fazem necessárias no campo das narrativas historiográficas oficiais que moldaram uma única História da Arte. À luz dos estudos decoloniais, ao pensar-se em apropriações, questiona-se as práticas coloniais exercidas pela branquitude no ontem e no hoje. Nas souvenir arts, o sequestro de materiais e objetos dos “novos mundos” como peças colecionáveis materializavam a experiência do exótico, principalmente na Europa dos séculos XVII, XVIII e XIX. Neste contexto, a concepção da Arte encontrou-se impregnada por padrões de dominação e exotização, com concepções eurocêntricas de ordem e classificação - como visto nos Wunderkammern, ou gabinetes de curiosidades, coleções aristocráticas de objetos considerados “exóticos” que contribuiam para a legitimação e reforço de poderes coloniais. Esses e outros roubos culturais impostos pelo imperialismo nas populações negras e indígenas reverberam em como se contesta e em como se procura inverter os sentidos em volta da ideia de “apropriação”, ou ainda, de “ressignificação” no tempo presente.

Num esforço para reescrever o curso da história da arte, os artistas recorrem à reapropriação de discursos, imagens, arquivos, materiais e práticas como meio de reestruturar a memória e a identidade de grupos frequentemente excluídos de narrativas convencionais.  Nas obras de Rosana Paulino e Denilson Baniwa, a potencialidade do reuso das imagens aparece no deslizamento de seus significados, a partir da transformação de arquivos coloniais. Com Daiara Tukano, a apropriação das técnicas não-indígenas (TNI) destaca-se como possibilidade de decolonização artística, em um movimento de recodificação da prática como discurso e de reantropofagia. Na obra “Carta ao Velho Mundo” (2018/2019) de Jaider Esbell, com a superposição de mensagens políticas sobre obras clássicas no livro “Galleria Della Pittura Universal”, a apropriação do cânone é um lembrete: o velho mundo está morrendo, levando consigo suas formas dominantes de representação. Nestes gestos, os artistas invertem o sentido colonial das práticas de apropriação que foram e são utilizadas pela branquitude e reinventam suas próprias formas de (re)apropriação a partir da sua potencialidade de reescrita.

Impulsionados por estas e tantas outras questões, os discentes da Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) convidam para o XVIII Encontro de História da Arte (EHA), que este ano será um espaço de reflexão sobre as múltiplas formas de romper, desviar, ressignificar, e reescrever a História da Arte.  Com o tema “Reapropriar e Reescrever”, a edição trará mesas, conferências e apresentações de trabalhos que se relacionam às interfaces e potencialidades crítico-epistêmicas da Arte enquanto instrumento de subversão, renovação e reinvenção constante.

2. Cronograma

Etapa 1: Inscrições de propostas de comunicação: 10/06/2024 a 30/06/2024

Etapa 2: Divulgação dos trabalhos aprovados: 16/07/2024

Etapa 3: Pagamento da taxa de participação para aprovados: 16/07/2024 a 23/07/2024

Etapa 4: Divulgação da programação de palestras: 21/08/2024

Etapa 5: Início da inscrição de ouvintes: 21/08/2024

Etapa 6: Divulgação da programação provisória das mesas de comunicação: 21/08/2024

Etapa 7: Divulgação da programação definitiva do evento: 07/09/2024

Etapa 8: Realização do evento: 07/10/2024 a 10/10/2024

Etapa 9: Entrega do texto para publicação: 31/01/2024

3. Formas de Participação

 3.1. Comunicação Oral:

 3.1.1. Proponentes de Comunicação:

 Profissionais ligados ao campo da História da Arte, História Cultural e do Patrimônio, Midialogia, Comunicação, Cinema, Cultura Visual e demais áreas afins, incluindo professores e alunos de cursos de graduação e pós-graduação, pesquisadores, profissionais de museus, arquivos, bibliotecas, serviços de patrimônio, centros culturais e outras instituições.

Salientamos que as comunicações não precisam necessariamente ser sobre o tema do evento. As propostas podem ser relacionadas a todas as questões da História da Arte. Os eixos temáticos das mesas de comunicação serão definidos depois, de acordo com as comunicações aprovadas.

3.1.2. Inscrição de Comunicação:

a) Os interessados em apresentar trabalho nas mesas de comunicação devem preencher o Formulário Google (a ser divulgado no site e nas redes sociais do evento), a fim de serem avaliados pela comissão organizadora, observando o período de inscrição. Levar em consideração que, caso a proposta seja aceita, deve-se efetuar o pagamento, conforme indicado no item 3.1.3, e apresentar o trabalho no evento segundo o item 3.1.4.

b) É permitido o envio de até uma proposta de comunicação. Trabalhos em coautoria são permitidos desde que correspondam à efetiva participação das partes.

3.1.3. Pagamento da taxa de participação:

a) Será cobrada uma taxa de participação de R$75,00 por autor. O valor a pagar por trabalhos em coautoria corresponde ao número de autores envolvidos. Sugerimos que o valor a ser pago por coautores seja realizado individualmente, a fim de que todos os nomes envolvidos estejam registrados.

b) O pagamento da inscrição para todos os interessados em comunicar deve ser realizado exclusivamente via o Even3 do evento e somente após a divulgação dos trabalhos aprovados.

c) Não é necessário confirmar o pagamento por e-mail, apenas preencher os dados pessoais no Even3 de acordo com os dados da inscrição.

3.1.4. Normas para Apresentações:

a) As apresentações serão realizadas presencialmente.

b) Cada participante terá 15 minutos para a sua comunicação.

c) Cada participante é responsável pelo seu arquivo de apresentação, que aconselhamos estar salvo tanto em formato .ppt como .pdf. Recomendamos aos comunicadores a realização de um slide de apresentação com no mínimo uma página (capa/folha de rosto), contendo as seguintes informações de identificação: título da comunicação, autoria, titulação e instituição, orientação e agência de fomento (se houver), e-mail para contato.

Solicitamos que os participantes cheguem com pelo menos 10 minutos de antecedência ao início da mesa. Após a apresentação dos comunicadores haverá um debate dirigido pela mediação.

4. Publicação nas Atas

As informações para publicação nas atas do Encontro podem ser acessadas no site do evento: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/eha/about/submissions

4.1 Ouvinte

4.1.1 Inscrição de Ouvinte:

Os interessados em assistir às mesas e conferências devem se inscrever pelo Even3 do evento, observando o período de inscrição. A inscrição para ouvintes é gratuita.

4.1.2. Certificado de participação de Ouvinte:

O evento conferirá certificado de participação a todos que tiverem ao menos 75% de participação nas atividades. A presença será contabilizada por meio de formulários para cada rodada de comunicações e mesas de conferencistas.

5. Considerações Finais

Os casos omissos no Edital serão resolvidos pela comissão, que comunicará os participantes com a devida antecedência.

Eventuais dúvidas poderão ser encaminhadas para o e-mail eha@unicamp.br.

6. Comissão de Organização do XVIII Encontro de História da Arte da UNICAMP

Alysson Brenner Nogueira Pereira
Amanda Nascimento Miranda
Bruna Xavier Martins
Catarina de Faria Rodrigues
Elton Rigotto Genari
Laura Manganote
Paola Pacini Orlovas
Thais Melo Silva