Resumo
O quadro batizado de Inferno (fig.1), exposto no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, é uma obra enigmática datada da primeira metade do século XVI. Uma das teorias é que o painel foi pintado a cerca de 1514, devido aos longos cabelos de alguns dos condenados retratados, já que a moda cessaria próxima desse ano. A obra só é documentada a partir de meados do século XIX, quando foi incorporada à Academia de Belas Artes de Lisboa, após ser encontrada no acervo de obras originárias da extinção dos conventos de frades, em 1834. Num inventário da Academia, pouco depois desta data, o quadro é curiosamente designado sendo uma “alegoria dos condenados às penas eternas tirada de uma das comédias de Dante.” (PUNTONI, 2009: 191 e COUTO, 1944: 183) Embora seja considerada de produção portuguesa ou luso-flamenga, Dagoberto Markl, um dos principais estudiosos da obra, atribui sua autoria a Jorge Afonso e/ou ao Mestre da Lourinhã.
Referências
AZEVEDO, Ana Maria de. O Índio Brasileiro: O “Olhar” Quinhentista e Seiscentista. In: Condicionantes Culturais da Literatura de Viagens. Coord. Fernando Cristóvão. Coimbra: Almedina e CLEPUL, 2002.
BATORÉO, Manuel. O Índio na Arte Portuguesa do Renascimento. In: Da Visão do Paraíso à Construção do Brasil – Atas do II Curso de Verão da Ericeira. Ericeira: Mar de Letras, 2001.
BERBARA, Maria. Considerações Sobre as Relações entre Portugal e o Outro Durante o Renascimento. In: Anais do XXVIII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2008.
CAMINHA, Pêro Vaz de. Carta de Pêro Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel Sobre o Achamento do Brasil. Estudo crítico e notas de Ana Maria de Azevedo e de Maria Paula Caetano e Neves Águas. Publicações Europa-América, 2000.
CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pêro Vaz de Caminha. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1994.
COUTO, João. O Inferno – Painel Português do Século XVI. In: Litoral – Revista Mensal de Cultura – nº2. 1944.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Imagens de Índios do Brasil – O Século XVI. In: Revista de Estudos Avançados da USP, nº10, 1990.
LEVENSON, Jay A. (Org.) Encompassing The Globe: Portugal e o Mundo nos Séculos XVI e XVII. Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga, 2009. LÉRY, Jean de. Viagem à Terra do Brasil. São Paulo: EdUSP, 1980.
MARKL, Dagoberto. Introdução ao Estudo do “Inferno”do Museu Nacional de Arte Antiga. In: Boletim Cultural Póvoa de Varzim, vol. XXVI, nº 2. Ed. da Câmara Municipal, 1989.
MARKL, Dagoberto. Inferno. In: Grão Vasco e a Pintura Européia do Renascimento. Lisboa: CNCDP, 1992.
PEREIRA, Paulo (dir.). História da Arte Portuguesa – Volume II. Lisboa: Círculo de Leitores, 1995.
PEREIRA, Fernando António Baptista. Arte Portuguesa da Época dos Descobrimentos. CTT Correios, 1996.
PORFÍRIO, José Luís. “Inferno – Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. Lisboa: Edições Inapa, 1999.
PUNTONI, Pedro. Açúcar e escravidão no Brasil. In: Portugal e o Mundo nos Séculos XVI e XVII. Org. Jay A. Levenson. Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga, 2009.
RIBEIRO, Maria Aparecida. Penas de Índio: A Representação do “Brasileiro” na Arte Portuguesa. In: Mathesis, n°5. Viseu: Universidade Católica Portuguesa, 1996.
RODRIGUES, Dalila (Coord.). Grão Vasco e a Pintura Européia do Renascimento. Lisboa: CNCDP, 1992.
RODRIGUES, Dalila. Obras-Primas da Arte Portuguesa: Pintura. Lisboa: Athena, 2011.
SALVADO, António. Leituras V: O Índio Brasileiro em Alguns Relatos Portugueses do Século XVI, 2003.
SERRÃO, Vítor. História da Arte em Portugal: O Renascimento e o Maneirismo. Editorial Presença, 2002.
VECELLIO, Cesare. De gli Habiti Antichi e Moderni di Diversi Parti di Mondo. Veneza, 1590. Miscellanea e Variedade de Historias, Costumes, Casos e Cousas que em seu Tempo Aconteceram (1554). Coimbra: Ed. Mendes dos Remédios, 1917.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2012 Rafael Augusto Castells de Andrade