Resumo
Há, no filme Quanto vale ou é por quilo? (2005, Sérgio Bianchi), uma série abrangente de provocações. Bianchi, nesse filme, nos coloca diante do incômodo exercício de refletir acerca de problemas polêmicos do seu contexto de produção: a exploração sem limites da miséria humana; o cinismo das elites em seus discursos sobre o cuidado social; a corrupção das instituições do terceiro setor da economia; a permanência do racismo e seus mecanismos de exclusão. Segundo Nezi Heverton e Luis João Vieira, Bianchi é marcado por esses elementos, pelo choque, a ironia, pelo discurso que não poupa ninguém, por uma orientação de mundo a tal ponto distópica que já não há espaço para personagens redentores, para ações moralizantes, para desfechos revolucionários capazes de gerar uma sociedade ideal.
Referências
ASSIS, Machado de. Pai contra mãe. In: Quanto Vale ou É por Quilo? Roteiro de Eduardo Benaim, Newton Cannito e Sergio Bianchi do filme de Sergio Bianchi. Imprensa Oficial: São Paulo, 2008.
BAXANDALL, Michael. Padrões de intenção: a explicação histórica dos quadros. São Paulo: Editora Schwarcz, 2006. p. 31-119.
DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente: história da arte e do tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013. Pg 29, 136 – 137.
DIDI-HUBERMAN, Georges.. Prefácio. In: MICHAUD, Philippe-Alain. Aby Warburg e a imagem em movimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013. P. 23.
EGG, André; FREITAS, Artur; KAMINSKI, Rosane (Orgs).Arte e política no Brasil: modernidades. São Paulo: Perspectiva, 2014. Pgs 9, 10, 20.
LAHNI, Claudia Regina, Nilson Assunção, Mariana Zibordi, Maria Fernanda. A Mulher negra no cinema: uma análise de filhas do vento. Revista Científica Cent. Universidade Barra Mansa - UBM, Barra Mansa, v.9, n. 17, jul. 2007, pg 82.
OLIVEIRA, Nezi Heverton. Campos de. O cinema autoral de Sérgio Bianchi: uma visão crítica e irônica da realidade brasileira. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicação e Artes. São Paulo: USP, 2006.
RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: EXO / Ed.34, 2005.
RANCIÈRE, Jacques. As distâncias do cinema. Rio de Janeiro, Contraponto, 2012.
VIEIRA, Luiz João. Câmera-faca – O cinema de Sérgio Bianchi. Santa Maria da Feira: Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, 2004
XAVIER, Ismail. Sertão Mar: Glauber Rocha e a estética da fome. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2015 Douglas Gasparin Arruda