Resumo
Durante a fase regionalista da pintura de Almeida Junior, é nítida a influência e as mudanças proporcionadas pelo uso da fotografia. O crítico Ernesto de Sousa Campos, já na década de 50, analisa a obra Apertando o Lombilho (1895) e a caracteriza como “um exato instantâneo do que estamos habituados a ver ao longo das estradas”. Entre os pesquisadores da obra do artista, este é o primeiro a fazer referência à presença da característica do instantâneo. No entanto, apesar de reconhecer a peculiaridade da experiência formal, o autor não chega a estabelecer uma possível relação do uso da fotografia como modelo pictórico. Na análise das obras Amolação Interrompida (1888), Caipira picando fumo (1892) e Caipiras negaceando (1888), a incorporação do instantâneo pode ser ainda melhor observada. Nestas telas, a gestualidade do protagonista está centrada na nitidez do registro, no potencial significante do enquadramento e na exploração dos efeitos de luz. Essa nova atitude formal proporciona algumas hipóteses; a primeira é a de que o artista ao estabelecer diálogo com fotógrafos e literatos interessados em aspectos singulares da cultura do interior paulista estabelece trocas que irão interferir na representação pictórica. A outra, é a de que a obra do artista incorpora o uso e a exploração de características específicas da técnica fotográfica. Rever o processo de instauração das transformações pictóricas pelo viés da fotografia é o desafio que perpassa a comunicação.
Referências
CAMPOS, Ernesto de Sousa. José Ferraz de Almeida Junior. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de São Paulo. São Paulo, v. L, p. 94-7. 1953.
FABRIS, Annateresa (0rg.). Modernidade e Modernismo no Brasil. Campinas, SP. Mercado de Letras, 1994.
SILVEIRA, Valdomiro. Nas serras e nas furnas: contos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.
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