Resumo
Ao traçar um breve panorama da representação do movimento, da arte parietal pré-histórica, passando pelo Renascimento e pelas vanguardas artísticas do início do século XX, até chegar à era das imagens digitais, percebemos como a figura humana passa a exercer um papel cada vez mais central nesse tipo de representação dinâmica. A partir das noções de “cinesfera” (Rudolf Laban) e “egosfera” (Oskar Schlemmer), identificamos nesse percurso um duplo estatuto do corpo: ora funcionando como ponto de ancoragem da arquitetura espacial, ora como ponto cego de um olhar móvel e maquínico que remete ao “cine-olho” vertoviano.
Referências
ALBERTI, Leon Battista. Da pintura. Campinas: Unicamp, 1989.
AZÉMA, Marc. La Préhistoire du cinéma. Paris: Errance, 2011.
AUMONT, Jacques. O olho interminável. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
BACHELARD, Gaston. O ar e os sonhos: ensaio sobre a imaginação do movimento. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
BAUDRY, Jean-Louis. L’Effet cinéma. Paris: Albatros, 1978.
BAZIN, André. O que é o cinema? São Paulo: Cosac Naify, 2014.
BERGSON, Henri. O pensamento e o movente. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
BONITZER, Pascal. Décadrages: peinture et cinéma. Paris: Cahiers du Cinéma, 1987.
BORGES, Cristian. Em busca de um cinema em fuga: o puzzle, o mosaico e o labirinto como chaves da composição fílmica. São Paulo: Perspectiva/ FAPESP, 2019.
COMOLLI, Jean-Louis. Technique et idéologie - caméra, perspective et profondeur de champ. Cahiers du cinéma, Paris, n. 229-231, 233-235, 241, mai. 1971 a set.-out. 1972.
CRARY, Jonathan. Técnicas do observador. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
CRARY, Jonathan. A visão que se desprende: Manet e o observador atento no fim do século XIX. In: CHARNEY, L.; SCHWARTZ, V. R. (Org.). O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo: Cosac Naify, p. 81-114, 2001.
DELEUZE, Gilles. Francis Bacon: Logique de la sensation. Paris: Seuil, 2002.
DUICU, Dragos. Phénoménologie du mouvement: Patočka et l’héritage de la physique aristotélicienne. Paris: Hermann, 2014.
EISENSTEIN, Serguei. La non-indifférente nature 3: La musique du paysage et le devenir du contrepoint du montage. Cahiers du cinéma, Paris, n. 216, p. 16-23, out. 1969.
EPSTEIN, Jean. Écrits sur le cinéma – tome I (1921-47). Paris: Seghers, 1974.
KOZEL, Susan. Closer: Performance, Technologies, Phenomenology. Cambridge: MIT Press, 2007.
LABAN, Rudolf. Choreutics. Londres: Macdonald & Evans, 1966.
MACHADO, Arlindo. O sujeito na tela. São Paulo: Paulus, 2007.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
MICHAUD, Philippe-Alain. Aby Warburg et l’image en mouvement. Paris: Macula, 1998.
PANOFSKY, Erwin. A Perspectiva como forma simbólica. Lisboa: Edições 70, 2000.
PATOČKA, Jan. Papiers phénoménologiques (1965-1976). Grenoble: Jérôme Millon, 1995.
SALAZAR SUTIL, Nicolás. Motion and Representation: The Language of Human Mouvement. Cambridge/ Londres: MIT Press, 2015.
SCHEFER, Jean Louis. Du monde et du mouvement des images. Paris: Cahiers du cinéma, 1997.
SCHLEMMER, Oskar. Mensch und Kunstfigur. In: GROPIUS, W.; MOHOLY-NAGY, L. (Ed.). Die Bühne im Bauhaus - Bauhausbücher 4. Munique: Albert Langen, p. 7-24, 1925.
SCHLEMMER, Oskar. Mathématique de la danse. In: MACEL, C.; LAVIGNE, E. (Ed.). Danser sa vie: écrits sur la danse. Paris: Centre Pompidou, p. 74-75, 2011.
SOBCHACK, Vivian. Carnal Thoughts: Embodiment and Moving Image Culture. Berkeley, Los Angeles, Londres: University of California Press, 2004.
SITNEY, P. Adams. Landscape in the cinema: the rhythms of the world and the camera. In: KEMAL, S.; GASKELL, I. (Ed.). Landscape, Natural Beauty and the Arts. Cambridge: Cambridge University Press, p. 103-126, 1993.
SOHET, Philippe. Images du récit. Quebec: Presses de l’Université du Québec, 2007.
TUAN, Yi-Fu. Space and Place: The Perspective of Experience. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1977.
VERTOV, Dziga. Kino Eye: The Writings of Dziga Vertov. Berkeley, Los Angeles, Londres: University of California Press, 1984.
WARBURG, Aby. La Naissance de Vénus et le Printemps de Sandro Botticelli. Étude des représentations de l’Antiquité dans la Première Renaissance Italienne. Paris: Allia, 2007.
XAVIER, Ismail. O lugar do crime: a noção clássica de representação e a teoria do espetáculo, de Griffith a Hitchcock. In: O Olhar e a Cena: Melodrama, Hollywood, Cinema Novo, Nelson Rodrigues. São Paulo: Cosac Naify, p. 59-84, 2003.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Copyright (c) 2021 Revista Visuais