Banner Portal
Autonomia do universo infantil versus autonomia infantil
PDF

Palavras-chave

Autonomia
Agência
Crianças Capuxu

Como Citar

SOUSA, Emilene Leite de. Autonomia do universo infantil versus autonomia infantil: a agência das crianças no contexto camponês Capuxu. Tematicas, Campinas, SP, v. 26, n. 51, p. 179–214, 2018. DOI: 10.20396/tematicas.v26i51.11633. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas/article/view/11633. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

Este artigo parte da discussão sobre autonomia do universo infantil versus autonomia infantil para analisar o caso das crianças Capuxu e a sua agência. O povo Capuxu é um grupo camponês cuja etnicidade se define a partir de um forte sentimento de pertença além de alguns sinais diacríticos. Dentre os aspectos enunciadores da identidade Capuxu, destacam-se três grandes sistemas: parentesco, nominação e apadrinhamento, sendo estes fortemente modificados através da ação das crianças. O sistema onomástico lhe designa nomes na infância que são substituídos pelos apelidos colocados pelas crianças entre si perdurando estes apelidos por toda a vida, e se tornando os desígnios formais de seus portadores. Embora o sistema de apadrinhamento lhe confira padrinhos escolhidos pelos seus pais, as crianças participam de rituais alternativos de apadrinhamento substituindo seus padrinhos formais por aqueles que eles mesmos escolheram e burlando o sistema de apadrinhamento Capuxu. Já o sistema endogâmico de parentesco, com união preferencial entre primos, delimita os cônjuges possíveis para as crianças, mas este sistema depende inteiramente das relações que estas crianças desenvolvem com seus cônjuges em potencial. Deste modo é que este artigo revela como as crianças Capuxu transformam sistemas construídos por adultos imprimindo neles a sua autonomia.

https://doi.org/10.20396/tematicas.v26i51.11633
PDF

Referências

ALVAREZ, Myriam. “Kitoko Maxakali: A criança indígena e os processos de formação, aprendizagem e escolarização”, ANTHROPOLÓGICAS,ano 8, vol.15(1): 2004.

CODONHO, Camila. “Entre brincadeiras e hostilidades: percepção, construção e vivência das regras de organização social entre as crianças indígenas Galibi-Marworno”, Revista Tellus, ano 9, n.17, 2009.

COHN, Clarice. “Crescendo como um Xikrin: uma análise da infância e do desenvolvimento infantil entre os Kayapó-Xikrin do Bacajá”. Revista de Antropologia. São Paulo: USP, vol.43, n° 2, 2000.

COUTO, Gustavo Belisario D’Araujo. Brincando na terra: tempo, política e faz de conta no acampamento canaã (MST - DF). Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

FERNANDES, Florestan [1946]. “As trocinhas do bom retiro: contribuição ao estudo folclórico e sociológico da cultura e dos grupos infantis” In Folclore e Mudança Social na cidade de São Paulo, São Paulo: Martins Fontes, 2004.

GIDDENS, Anthony. A constituição da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

HARDMAN, Charlote [1976]. “Can there be na anthropology of children?” In: Journal of the Anthropological Society of Oxford, Childhood, vol.8 (4), 2001.

HUGH-JONES, Stephen, “The substance of Northweast Amazonian names”, em Bodenhorn e Vom Bruck, The Anthropology of Names and Naming. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro (Biblioteca Tempo Universitário; 7), 2003.

LIMULJA, Hanna C. L. R. Uma etnografia da escola indígena Fen’Nó à luz da noção de corpo e das experiências das crianças Kaingang e Guarani. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/UFSC, Florianópolis, 2007.

MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

MELLO, Flávia. Ciclo de Discussão sobre experiências e pesquisas a respeito da educação e infância indígena. Projeto Educação e Infância Indígenas, NEPI/UFSC, 2006.

MIRANDA, Sarah. Aprendendo a Ser Pataxó: um olhar etnográfico sobre as habilidades produtivas das crianças de Coroa Vermelha, Bahia. Dissertação de mestrado em Antropologia Social, UFBA, 2009.

NUNES, Ângela. “O lugar das crianças nos textos sobre sociedades indígenas brasileiras”. In: LOPES DA SILVA, MACEDO & NUNES (Orgs.) Crianças Indígenas, ensaios antropológicos. São Paulo: Mari/Fapesp/ Global, 2002.

OLIVEIRA, Melissa. “Nhanhembo’é: infância, educação e religião entre os Guarani de M’Biguaçu, SC”, Revista Cadernos de Campo, nº 13, 2005.

PINA CABRAL, João de. “Nicknames and the experience of community”, Man, n. 19, 1984. PIRES, Flávia Ferreira. Quem tem medo de mal-assombro?: religião e infância no semiárido nordestino. Rio de Janeiro: E-papers/ João Pessoa: UFPB, 2011.

PINA CABRAL, João de. O Programa Bolsa Família e o consumo das meninas e dos meninos no semi-árido nordestino. Anais do Fazendo Gênero 9: diásporas, diversidades, deslocamentos. Florianópolis, 2010.

QUEIROZ, Poliana Jacqueline Oliveira. “Bora agitar?!”: as crianças na Dança dos Mascarados de Poconé – MT. Dissertação de Mestrado defendida pelo PPGA da UFMT, 2016.

SCHILDKROUT, Enid. “Age and Gender in Hausa Society: SocioEconomic Roles of Children in Urban Kano” In LA FONTAINE (Ed.) Sex an Age as Principles of Social Differentiation, London: Academic Press, 1978.

SILVA, Aracy Lopes da. Nomes e Amigos: Da Prática Xavante a uma Reflexão sobre os Jê. São Paulo, FFLCH, USP, 1986.

SOUSA, Emilene L. Umbigos enterrados: corpo, pessoa e identidade Capuxu através da infância. Tese. (Doutorado em Antropologia Social) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil, 2014.

SOUSA, Emilene L. “A trilogia na Infância Camponesa: aprendizagem, ludicidade e trabalho”, Anais do 31º Encontro Anual da ANPOCS, 2007.

TASSINARI, Antonella. “Concepções Indígenas de Infância no Brasil” In: Revista Tellus, ano 7, n.13, outubro/2007.

TASSINARI, Antonella. “Múltiplas Infâncias: o que a criança indígena pode ensinar para quem já foi à escola ou A Sociedade contra a Escola”, Anais do 33º Encontro da ANPOCS, 2009.

TASSINARI, Antonella. A participação de crianças indígenas e camponesas na produção de alimentos. Anais do 54º Congresso Internacional de Americanistas. Simpósio: Children’s Food Heritage. Anthropological Issues, Viena, 15 a 20 de julho de 2012.

VASCONCELOS, Viviane C. C. Tramando redes: parentesco e circulação de crianças Guarani no litoral de Santa Catarina. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, defendida pelo PPGAS/UFSC, 2011.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Araweté: Os Deuses Canibais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1986.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2018 Emilene Leite de Sousa

Downloads

Não há dados estatísticos.