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Chamada de artigos para o dossiê “Racismo Algorítmico, Vigilância e Controle Social no Brasil: Impactos e Perspectivas do uso das Tecnologias na Era Digital”

A revista Temáticas tem a satisfação de comunicar que está aberta a chamada de manuscritos para compor o dossiê Racismo Algorítmico, Vigilância e Controle Social no Brasil: Impactos e Perspectivas do uso das Tecnologias na Era Digital.

Comissão organizadora: Igor Souza de Abreu (Doutorando em Sociologia Política, UENF), Ivan Souza de Abreu (Doutorando em Administração, USP) e Marlene Souza dos Santos (Doutoranda em Sociologia Política, UENF).

Período de submissão: de 01/06/2024 até 31/08/2024

Publicação prevista para o dossiê: julho de 2025

 

Nos últimos anos, tem havido um crescente interesse por parte de lideranças políticas em adotar tecnologias digitais de vigilância na área de segurança pública. Entre elas, estão inclusas a Inteligência Artificial (IA), drones, reconhecimento facial e videomonitoramento. A aplicação destas tecnologias de segurança pública tem sido amplamente considerada como uma estratégia vital para combater uma variedade de problemas, no entanto, ao mesmo tempo, surgem preocupações em relação à maneira como essas tecnologias podem ser utilizadas para desenvolver algoritmos de triagem, fazendo uso de dados históricos para prever probabilidades e propensões criminais.

Essa tendência pode dar origem ao fenômeno conhecido como “racismo algorítmico”, onde sistemas automatizados podem reforçar ou ocultar padrões discriminatórios, negligenciando a discriminação contra minorias étnicas e economicamente desfavorecidas. Essa dinâmica beneficia o Estado ao gerar lucro com a implementação dessas tecnologias. No entanto, para os cidadãos, isso pode significar um aumento da vigilância e do policiamento de certas áreas, o que, frente à seletividade dos aparatos de segurança pode resultar em violações de direitos. O racismo tem origens históricas e estruturais que geram desigualdade e exclusão social, segundo dados oficiais, mais de 60% das pessoas presas no sistema penitenciário brasileiro são negras ou pardas, um cenário que evidencia a seletividade e o racismo do sistema de justiça criminal.

A expansão no uso de tecnologias digitais de vigilância tem suscitado uma série de discussões e dilemas na literatura acadêmica. Por essa razão convidamos contribuições que explorem a relação entre tecnologias de controle e vigilância com políticas de urbanização, direitos civis e privacidade. Além disso, que analisem as táticas tecnológicas de controle racial e suas implicações na criminalização de comunidades específicas, assim como o papel das novas tecnologias na promoção de projetos de segurança militarizada. Estamos interessados também em propostas que partam da análise dos mercados das tecnologias de controle e sua relação com as administrações públicas. Essencialmente, esperamos contribuições que incluam o estudo sobre justiça criminal, vigilância e controle, sobretudo com ênfase nos processos de racialização de grupos, pessoas e comunidades.