Resumo
Esse artigo propõe uma análise comparada da sequência de abertura de Yndio do brasil (Sílvio Back, 1995) - documentário que coloca em perspectiva as representações do índio no Brasil - em relação a curta metragem A história do monstro Kátpy (Kamikia P.T. Kisedje, Whinti Suyá, 2009) produzida nas oficinas do projeto Video nas Aldeias pelos índios Kisêdjê e que de alguma forma me parece dialogar com o longa-metragem ambicioso de Silvio Back. Nos dois filmes, uma leitura antropológica da narrativa coletiva – produzida pelo conjunto de filmes aglomerados no caso de Yndio do Brasil e pelos proprios índios no caso de A história do monstro Kátpy – nos mostra a importância da questão do Outro no espaço topográfico e no espaço mental brasileiro. Objetos e sujeitos do discurso, os índios do Brasil assim como suas representações audiovisuais e cinematográficas problematizam questões colocadas em pauta no imaginário coletivo brasileiro: o que é ser índio no Brasil? Tais questões nos levam a nos perguntar o que representa para os cineastas indígenas e para as suas comunidades o espaço audiovisual e suas possibilidades.
Referências
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