Banner Portal
Gênero e estilos de vida no campo universitário
PDF

Palavras-chave

Distinção cultural
Estilos de vida
Gostos e práticas culturais
Desigualdade de gênero
Campo universitário

Como Citar

VIEIRA, Gustavo de Souza. Gênero e estilos de vida no campo universitário: uma análise das práticas e preferências culturais de estudantes da Unicamp. Tematicas, Campinas, SP, v. 31, n. 62, p. 15–47, 2023. DOI: 10.20396/tematicas.v31i62.17635. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas/article/view/17635. Acesso em: 1 maio. 2024.

Dados de financiamento

Resumo

Alinhado aos estudos sobre estilos de vida e distinção cultural, neste texto analiso variações de práticas e gostos culturais entre mulheres e homens internamente à população discente da Universidade Estadual de Campinas. Para tanto, utilizo dados de uma pesquisa sobre estratificação social e estilos de vida entre a população discente feita por meio da aplicação de questionários (amostra de 548 estudantes) e realização de entrevistas em profundidade (22 estudantes de diferentes posições sociais). Analisando com recorte de gênero dados de três domínios culturais (usos do tempo, preferências musicais e preferências literárias), mostro que as mulheres apresentam um padrão de práticas e gostos homólogo entre os diferentes domínios, marcado pela variedade de práticas, interesses e gostos, enquanto os homens apresentam um estilo de vida marcado pela menor carga de atividades e pela homogeneidade estética. Para explicar estes padrões, ofereço três hipóteses lastreadas na literatura sobre práticas culturais e desigualdades de gênero. A primeira é a de que há um viés de gênero no acúmulo de capital cultural impondo às mulheres discentes um trabalho maior para que consigam alcançar as mesmas posições que os homens. A segunda é a de que se trata de um onivorismo cultural orientado para a construção de senso de pertencimento e para o acúmulo de capital social. A terceira é a de que existe uma maior abertura para a ressignificação da identidade feminina a partir da mobilização de estilos de vida diversos em comparação com um estilo de vida mais homogêneo que marca a identidade masculina.

https://doi.org/10.20396/tematicas.v31i62.17635
PDF

Referências

BENNETT, Tony et al. Culture, class, distinction. London: Routledge/Taylor & Francis, 2010.

BOLTANSKI, Luc. Rendre la réalité inacceptable, à propos de "La production de l’idéologie dominante". Paris: Demopolis, 2008.

BOURDIEU, Pierre. O capital social - notas provisórias. In: BOURDIEU, Pierre. Escritos de educação. Organização de Maria Alice Nogueira, Afrânio Mendes Catani. 15.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

BOURDIEU, Pierre. Espaço social e espaço simbólico. In: BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas, SP: Papirus, 1996.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Tradução de Maria Helena Kühner. 10. ed. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 2011

BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. 2. ed. rev. 4 reimpr. - São Paulo, SP; Porto Alegre, RS: Edusp: Zouk, 2017.

CASTRO, Bárbara; CHAGURI, Mariana Miggiolaro. Gênero, tempos de trabalho e pandemia: por uma política científica feminista. Linha Mestra, v. 14, n. 41a, p. 23-31, 2020.

CHILDRESS, Clayton et al. Genres, objects, and the contemporary expression of higher-status tastes. Sociological Science, v. 8, p. 230-264, 2021.

COLLINS, Randall. Mulheres e a produção de culturas de status. In: LAMONT, Michèle; FOURNIER, Marcel. Cultivando diferenças: fronteiras simbólicas e a formação da desigualdade. São Paulo: Sesc, 2015.

CORRÊA, Mariza. O sexo da dominação. Novos Estudos, n. 54, p. 43-53, 1999.

DIMAGGIO, Paul. Classification in art. American sociological review, p. 440-455, 1987.

GRANOVETTER, Mark. The strength of weak ties. American journal of sociology, v. 78, n. 6, p. 1360-1380, 1973.

HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo social, v. 26, p. 61-73, 2014.

HUPPATZ, Kate. Gender capital at work: Intersections of femininity, masculinity, class and occupation. Springer, 2012.

KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: HIRATA, Helena. Dicionário crítico do feminismo. São Paulo, SP: Editora UNESP, 2009.

LEIVA, João. Cultura SP: Hábitos culturais dos paulistas. São Paulo: Tuva Editora, 2014.

LEIVA, João; MEIRELLES, Ricardo. Cultura nas capitais: como 33 milhões de brasileiros consomem diversão e arte. Rio de Janeiro: 17Street Produção Editorial, 2018.

LIMA, Mariana Martinelli de Barros. A experiência dos não-herdeiros: relações entre herança simbólica e a cultura acadêmica. Dissertação (mestrado), Universidade Estatual de Campinas - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, SP, 2020.

LIZARDO, Omar. How cultural tastes shape personal networks. American sociological review, v. 71, n. 5, p. 778-807, 2006.

MILLER, Diana. Symbolic capital and gender: Evidence from two cultural fields. Cultural Sociology, v. 8, n. 4, p. 462-482, 2014.

MILLER, Diana. Gender, field, and habitus: How gendered dispositions reproduce fields of cultural production. Sociological Forum, p. 330-353, 2016.

PAKULSKI, Jan. Fundamentos de uma análise pós-classe. In: WRIGHT, Erik (org). Análise de classe: abordagens. Petrópolis. RJ: Vozes, 2015.

PEREIRA, Virgílio Borges. Classes e culturas de classe das famílias portuenses: classes e "modalidades de estilização da vida" na Cidade do Porto. Porto: Afrontamentos, 2005.

PETERSON, Richard. Understanding audience segmentation: From elite and mass to omnivore and univore. Poetics, v. 21, n. 4, p. 243-258, 1992.

SAINT MARTIN, Monique. From ‘Anatomie du goût’ to La Distinction: attempting to construct the social space. Some markers for the history of the research. In: COULANGEON, Phillipe; DUVAL, Julien. The Routledge companion to Bourdieu’s Distinction. Nova Iorque: Routhledge, 2015.

SILVA, Elizabeth. Unity and fragmentation of the habitus. The Sociological Review, v. 64, n. 1, p. 166-183, 2016.

SIMMEL, Georg. Filosofia del dinero. Granada: Comares, 2003.

SKEGGS, Beverley. Formations of Class & Gender: Becoming Respectable. SAGE, 1997.

SKEGGS, Beverley. Context and background: Pierre Bourdieu's analysis of class, gender and sexuality. The Sociological Review, v. 52, n. 2. suppl, p. 19-33, 2004.

SOMBART, Werner. Lujo y capitalismo. Madrid: Alianza, 1979.

ŠPAČEK, Ondřej. Measuring cultural capital: Taste and legitimate culture of Czech youth. Sociological Research Online, v. 22, n. 1, p. 113-129, 2017.

VEBLEN, Thorstein. A teoria da classe ociosa: um estudo economico das instituições. 2. ed. São Paulo, SP: Nova Cultural, 1987

WEBER, Max. A distribuição do poder dentro da comunidade: classes, estamentos, partidos. In: WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília, DF: UnB, 1999

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2023 Gustavo de Souza Vieira

Downloads

Não há dados estatísticos.