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“O Brasil não reconhece os Brasis”
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Palavras-chave

Literatura indígena
Indígenas mulheres
Pensamento social brasileiro
Utopia
Graça graúna

Como Citar

VIEIRA, Nanah Sanches; ALMEIDA, Tânia Mara Campos de; MELO, Vitor Coelho Camargo de. “O Brasil não reconhece os Brasis”: interpretações em prosa e verso de graça graúna. Tematicas, Campinas, SP, v. 30, n. 59, p. 193–228, 2022. DOI: 10.20396/tematicas.v30i59.16074. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas/article/view/16074. Acesso em: 16 abr. 2024.

Resumo

A partir de elementos e passagens da obra de Graça Graúna, pensadora indígena Potiguara, este artigo discute a importante contribuição da literatura indígena contemporânea na renovação da teoria social a respeito do Brasil e seu povo, tensionando a sociologia brasileira hegemônica na nossa representação de sociedade nacional, com destaque para a superação da invisibilização étnica atravessada pelo desejo de emancipação social em perspectiva pluricultural. Com base no estudo da questão indígena e do indianismo na literatura brasileira, desde as crônicas dos viajantes e missionários do período colonial até a atualidade, bem como na leitura da própria autora sobre esses cânones, é mostrado como os povos originários foram sendo convertidos, excluídos, tornados cativos, associados a perdedores e subespécies. Ou seja, apagados da condição de sujeitos e de suas realidades socioculturais pelos esforços empreendidos pela intelligentsia brasileira no sentido de propagar ideias sobre o povo brasileiro e sua identidade enquanto nação eurocentrada. Por fim, são apontadas a interpretação de Graça Graúna sobre educação e direitos humanos, sua atuação contra a tese do “Marco Temporal” e a favor da sororidade entre as parentes indígenas. Espera-se, com essas reflexões e análises, jogar luz sobre projetos literários alinhados às cosmologias, auto-histórias e saberes indígenas na produção de um pensamento social de perspectiva decolonial e sensibilidade feminista, na construção de novo(s) projeto(s) coletivo(s) utópico(s) para o país.

https://doi.org/10.20396/tematicas.v30i59.16074
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