Resumo
O objetivo deste artigo é o de realizar um balanço crítico das interpretações acerca do significado, do lugar e da função do conceito de democracia racial no pensamento do sociólogo Alberto Guerreiro Ramos. Partindo do levantamento crítico de alguns comentadores (Marcos Chor Maio, Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, Muryatan Santana Barbosa e Luiz Augusto Campos), pretendemos mostrar que o conceito de democracia racial foi apropriado da intelectualidade acadêmica pelos intelectuais militantes negros dos anos de 1940 e 1950 e transformado em: a) um projeto político e social de integração das populações negras à estrutura social competitiva em emergência; e b) numa terapêutica das subjetividades colonizadas a partir da estética da negritude. Por fim, faremos uma síntese das continuidades e rupturas entre a democracia racial segundo seus intérpretes tradicionais e conforme os militantes negros dos anos de 1940 e 1950, sobretudo a partir da obra de Guerreiro Ramos.
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