Resumo
Este trabalho se destina a efetuar uma análise sobre a constituição da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil em Belo Horizonte após o término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Pautando-se principalmente nas atas redigidas por ocasião das reuniões ocorridas na agremiação, se buscará efetuar um panorama acerca das concepções, posições e dilemas enfrentados pelos veteranos no imediato pós-guerra. Nesse período, a associação assumiu um caráter assistencial, e, para além da realização de comemorações e da efetivação de ações que visavam à difusão da memória da coletividade em questão, foi marcada preponderantemente por disputas políticas acirradas. A difícil reintegração social, após a desmobilização da Força Expedicionária Brasileira, engendrou formas de resistência e negociação singulares com os poderes públicos, assim como moldou as ações dos outrora combatentes no interior da referida agremiação. Torna-se fundamental expor as narrativas e os pensamentos que foram concebidos por esse grupo social no imediato reestabelecimento da democracia, após o fim do Estado Novo (1937-1945).
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