Resumo
Exponho neste ensaio considerações sobre a contemplação do sexo feminino, em análises empíricas que tomam como objeto pinturas, fotos e cinema, dispostas num processo comparativo. O prazer feminino, que é interno ou oculto, engendra uma visualidade masculina limitada, porque sempre inacessível. Esses aspectos ocultos e misteriosos determinam por vezes a sacralização do olhar contemplativo. No entanto, mesmo quando a aura sagrada não ocorre e o olhar canalha prevalece, o mistério continua. Compreender os olhares masculinos diante do sexo feminino representado, compreender as características específicas dessas representações, significa descobrir os modos de ser de tais imagens e suas maneiras de atuar nos campos culturais. Nesse universo, e com esses procedimentos, a pornografia é inútil, seja como conceito classificatório, metódico, analítico ou em qualquer outra função que se lhe atribua. Enquanto existir, se é que ela deve mesmo existir, tal noção só poderá pertencer ao campo da moral, e não da arte ou da estética.
Referências
SAVATIER, Thierry, L’Origine du Monde, Histoire d’un tableau de Gustave Courbet. Bartillat, Paris, 2006, p. 160.
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2021 Revista de História da Arte e da Cultura