Resumo
A intensa utilização de plataformas eletrônicas, especialmente no contexto da pandemia do Covid-19, provocou um aumento significativo dos registros digitais, que documentam os mais variados tipos de atividades pessoais e profissionais. Isto evidenciou a necessidade de descrever e contextualizar estes registros, a fim de contribuir para sua preservação e acesso a longo prazo. Assim, este artigo objetiva fazer uma reflexão acerca das condições que tornam um registro digital, arquivístico e a importância de se considerar os metadados destes registros para a sua preservação. As discussões foram desenvolvidas com base em uma revisão sistemática de literatura, fazendo uso do método PRISMA. Constatou-se que, a partir do instante que o metadado passa a fazer parte do registro digital arquivístico, os cuidados para a gestão desses metadados passam a ser tão importantes quanto os cuidados para a gestão do documento ou registro, isoladamente. Já que é impossível realizar a preservação de longo prazo destes materiais sem o efetivo gerenciamento dos metadados que o compõem. Conclui-se que é premente, por parte dos Arquivistas, ampliar a compreensão dos registros digitais arquivísticos como um constructo teórico com desafios conceituais e pragmáticos diferentes, mas não excludentes, daqueles existentes no documento arquivístico digital
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