Da antropofagia aos cães sem plumas
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Palavras-chave

Antropofagia
Tropicalismo
Cães sem plumas
Arte contemporânea

Como Citar

LEAL, André. Da antropofagia aos cães sem plumas: uma história da arte à brasileira. Proa: Revista de Antropologia e Arte, Campinas, SP, v. 11, n. 2, p. 89–110, 2021. DOI: 10.20396/proa.v11i2.16559. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/proa/article/view/16559. Acesso em: 28 mar. 2024.

Resumo

O presente artigo traça uma breve história da antropofagia cultural e seus desdobramentos na arte brasileira, entendendo-a como possível modo de produção artística que antecipa e afirma atuações contemporâneas globais. Ela seria, portanto, um ‘produto de exportação’ do Brasil para o mundo, como imaginado por Oswald de Andrade no Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), algo reforçado nos movimentos neoconcreto e tropicalista das décadas de 1960 e 70 e na 24ª Bienal de Artes de São Paulo em 1998. Dentro das complexidades da formulação de uma identidade nacional brasileira apresentamos também a ideia mais recente dos ‘cães sem plumas’ de Moacir dos Anjos, faceta menos ‘solar’ da brasilidade, dando lugar aos marginalizados que Hélio Oiticica também já havia trazido à cena artística dentro de sua posição ética geral em relação à sociedade brasileira.

https://doi.org/10.20396/proa.v11i2.16559
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