Resumo
Este artigo propõe uma reflexão, no âmbito da música de concerto, sobre o repertório violinístico padrão – homogeneizado mundialmente tanto nos meios profissionais quanto de formação no instrumento. Tal repertório exclui, quase totalmente, a produção musical proveniente de países situados fora do continente europeu, além de priorizar as obras compostas nos séculos XVIII e XIX, e manter à margem, também, as obras compostas por mulheres sejam estas de qualquer lugar ou época. A partir do pensamento crítico decolonial, buscamos analisar a matriz de poder contida nesta tradição, além de explicitar a reprodução sistemática de obras musicais que instigam e perpetuam uma visão eurocêntrica do instrumento.
Referências
ARCANJO, Loque. História da Música: Reflexões teórico-metodológicas. Revista Modus, Belo Horizonte, Ano VII, n.10, p. 9-20, 2012.
BAUTISTA, Juan José. El Espíritu de la Revolución del Siglo XX. Caracas, 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MalsOazcrdk. Acesso em: 24 mar. 2019.
CASTAGNA, Paulo. Dificuldades, reflexões e possibilidades no ensino da história da música no Brasil do nosso tempo. Arteriais, Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará, v. 1, p. 147-157, 2015.
CECCONELLO, Márcio. Excerto Orquestral para violino do poema sinfônico Don Juan Op.20 de Richard Strauss: um estudo técnico-interpretativo. Dissertação (Mestrado em Música), Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
DUSSEL, Enrique. Europa, modernidad y eurocentrismo. La colonialidad del saber: euro-centrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, p. 24-33, 2000.
GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós--coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global.In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, p. 383-417, 2010.
KINGSBURY, Henry. Music, talent and performance: a conservatory cultural system. Philadelphia: Temple University Press, 1988.
MALDONADO-TORRES, Nelson. A topología do ser e a geopolítica do conhecimento. Mo-dernidade, império e colonialidade. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, p. 337-382, 2010.
NETTL, Bruno. Heartland Excursions: ethnomusicological reflections on school music. University of Illinois Press, 1995.
PEREIRA, Marcus Vinícius Medeiros. Habitus Conservatorial: do conceito a uma agenda de pesquisa. Anais do XXIII Congresso da ANPPOM, Natal, 2013.
PLESCH, Melanie. También mi rancho se llueve: problemas analíticos en una musicología doblemente periférica. Procedimientos analíticos en musicología. Buenos Aires: Instituto Nacional de Musicología “Carlos Vega”. Secretaria de Cultura de la Nación, p. 127-138, 1998.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. Traços de colonialidade na educação superior em música no Brasil: análises a partir de uma trajetória de epistemicídios musicais e exclusões. Revista da ABEM, Londrina, v. 25, n. 39, p. 132-159, 2017.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. Journal of world-system research. v.2. Binghamton NY, p. 342-386, 2000.
REIS, Carla Silva. Trajetórias em contraponto: uma abordagem microssociológica da formação superior em piano em duas universidades brasileiras. Tese (Doutorado em Educação), Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014.
SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
TRAVASSOS, Elizabeth. Redesenhando as fronteiras do gosto: estudantes de música e diversidade musical. Horizontes antropológicos, Porto Alegre, ano 5, n. 11, p. 119-144, 1999.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2020 Luiza Gaspar Anastácio