A festa da princesa Mariana
Imagem da capa de revista com título no canto superior esquerdo. Abaixo do título, estão presentes informações sobre ISSN, volume e número da edição. No centro da imagem, há 5 figuras de pessoas vestindo vestidos vermelhos, em diferentes posições de dança, com os braços em movimento. O fundo é branco, destacando a vibrante coreografia das figuras em destaque.
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Palavras-chave

Festa
Dança
Religião
Amazônia

Como Citar

PEREIRA, Anderson Lucas da Costa. A festa da princesa Mariana: a dança revelando a "turquia cabocla" na Amazônia. Proa: Revista de Antropologia e Arte, Campinas, SP, v. 8, n. 2, p. 67–87, 2018. DOI: 10.20396/proa.v8i2.17586. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/proa/article/view/17586. Acesso em: 8 dez. 2024.

Resumo

A festa dá fluidez aos espaços, recria significados e materializa as cosmologias. Meu interesse neste artigo é demonstrar a festa da Cabocla Mariana, princesa turca que atravessou o portal da encantaria e ajuremou-se em terras amazônicas, realizada em um terreiro de Umbanda na cidade de Santarém, oeste do Pará. Falarei da festa não como o produto final de um grande empreendimento, mas da parte que dá sentido ao ritual: a dança da Cabocla Mariana. Em especial, “metaforizar” o giro da entidade como uma hipótese de aproximação com o Sama, a dança sufi girante dos dervixes para pensar: qual Turquia é essa presente nos rituais de Umbanda em Santarém, cheios de princesas turcas ajuremadas, caboclos e índios? A dança aponta para uma linha de investigação capaz de revelar como e porque ela pode funcionar como ação social discursiva e afetiva da sociedade, ao ponto de, inclusive, (re)constituir um reino “turco caboclo” na Amazônia.

https://doi.org/10.20396/proa.v8i2.17586
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