Resumo
Esse artigo pretende refletir sobre a história em quadrinhos Criança Amarela (2017), de Monge Han, considerando os marcadores identitários de raça e etnia. O conceito de representação de Stuart Hall ajuda a pensar o processo pelo qual a produção de sentido é feita pela linguagem, organizada por signos que carregam valores e indicam as relações de poder construídas historicamente. Os quadrinhos são artefatos e práticas sociais que influenciam e são influenciadas pelo contexto histórico e cultural. As análises tentam entender as imbricações entre vivência, experimentação técnica e expressão artística. É nessa busca pela representação e auto representação que o artista tensiona um sistema cultural hegemônico e possibilita a criação de histórias plurais, desconstruindo estereótipos.
Referências
BAL, Mieke. Tiempos transtornados: análisis, historias y políticas de la mirada. Madrid: Ediciones Akal, 2016.
BRAH, Avtar. Cartografías de la diáspora: Identidades en cuestión. Madrid: Traficantes de Sueños, 2011.
CHEN, Sanping. Multicultural China in the early Middle Ages. [s.l.]: University of Pennsylvania Press, 2012.
COLLINS, Patricia Hill. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p.99–127, 2016. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/se/v31n1/0102-6992-se-31-01-00099.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2018.
HALL, Stuart. A questão multicultural. IN: SOVIK, Liv (org). Da diáspora: Identidades e mediações culturais/ Stuart Hall. Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003. p. 51-100.
HALL, Stuart. Cultura e Representação. 1. Ed. Apicuri, 2016.
HOOKS, Bell. Olhares Negros: Raça e Representação. São Paulo: Editora Elefante, 2019.
INOUE, Vinicius Chozo. A naturalização do racismo anti-asiático na sociedade digital brasileira. 2017. 50 f., il. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Comunicação Social) Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
KATSUO, H. O Perigo Amarelo Nos Dias Atuais. 2019. Disponível em < https://www.facebook.com/operigoamarelonosdiasatuais/>. Acesso em 23 de fevereiro de 2021.
LAMBERT, Kenji Lucas Uzumaki. De Yellow kid a Criança amarela: o quadrinho independente no combate ao racismo asiático. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021. Disponível em: https://bdta.abcd.usp.br/directbitstream/4bdce5f5-9089-4d29-b3e4-36ff0f88730c/tc4740-Kenji-Lambert-Yellow.pdf. Acesso em: 29 fev. 2024.
MONGE HAN. Entrevista concedida a Autor por e-mail. Curitiba, 25 jul. 2018.
MONGE HAN. Vozes Amarelas. Rio de Janeiro: HarperCollins, 2023.
OUTRACOLUNA. Resistência Asiática e Solidariedade Antirracista. Disponível em https://outracoluna.wordpress.com/. Acesso em: 23 fev. 2021
PALMER, James. The Bloody White Baron. Nova Iorque: Basic Books, 2009.
SAID, Edward W. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Do preto, do branco e do amarelo: sobre o mito nacional de um Brasil (bem) mestiçado. Cienc. Cult., v.64, n.1, São Paulo, jan. 2012. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009- 67252012000100018>. Acesso em: 15 set. 2019.
SHIMABUKO, Gabriela. A origem do Perigo Amarelo: Orientalismo, colonialismo e a hegemonia euro-americana. Disponível em: <https://outracoluna.wordpress.com/2017/03/26/aorigem-do-perigo-amareloorientalismo-colonialismo-e-a-hegemonia-euro-americana/>. Acesso em: 15 jun. 2020.
SHIMABUKO Gabriela. Para além da fábula das três raças: uma introdução à percepção racial do amarelo e do japonês no Brasil. Disponível em: <https://outracoluna.wordpress.com/2018/12/22/para-alemda-fabula-das-tres-racas-umaintroducao-a-percepcao-racial-do-amarelo-edo-japones-no-brasil/>. Acesso em: 15 jun. 2020.
SHIZUNO, Elena Camargo. Bandeirantes do Oriente ou Perigo Amarelo: Os imigrantes japoneses e a DOPS na década de 40. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Paraná, UFPR, 2001.
SILVEIRA, Luciana Martha. Introdução à Teoria da Cor. Curitiba: Ed. UTFPR, 2015.
STAM, Robert; SHOHAT, Ella. Estereótipo, realismo e representação racial: as mediações culturais que funcionam como forma de controle social sobre grupos étnicos não-brancos. Imagens, n. 5, ago/dez 1995, p. 70-84.
TAKEUCHI, Marcia Yumi. Imigração japonesa nas revistas ilustradas: Preconceito e Imaginário Social (1847 – 1945). São Paulo: Editora EDUSP, 2015.
TAKEUCHI, Marcia Yumi. O perigo amarelo: imagens do mito, realidade do preconceito (19201945). [s.l.]: Humanitas, 2008.
VIANA, Nildo. Histórias em Quadrinhos e métodos de análise (Dossiê História em Quadrinhos: Criação, Estudos da Linguagem e usos na Educação). Revista Temporis [Ação]. Cidade de Goiás; Anápolis. V. 16, n. 02, p. 41-60 de 469, número especial., 2016. Disponível em: http://www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/issue/archive. Acesso em: 29 fev. 2024.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Marco Takashi, Marilda Lopes Pinheiro Queluz