Resumo
A matéria agrária das Geórgicas insere o segundo poema de Virgílio, composto em ca. 37-30 a.C., entre os textos técnicos latinos. Filiado à tradição hesiódica, o poema traz o tripé característico do gênero: o mestre, a matéria e o discípulo. Além disso, o momento histórico em que o poema foi composto é propício a rupturas na leitura linear da transmissão de uma matéria técnica. Ao final do Livro 1, o poema revela um mundo caótico, de guerras civis e assassinatos; o Livro 2 paradoxalmente provoca uma notável mudança de espírito: o mundo caótico dá lugar à alegria proporcionada por Baco e às colheitas fartas. Esse tratamento paradoxal parece provocar distensões nessa matéria e parece preparar o espaço para que Virgílio reflita sobre a Roma de seu tempo, do ponto de vista político e filosófico. A expressividade da linguagem poética é mais um fator que incide sobre as ambiguidades do poema, criando a imagem de que o campo dramatiza a existência humana.
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