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A tradição e o contemporâneo nas vozes de Clementina de Jesus e Sandra de Sá
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Palavras-chave

Clementina de Jesus
Sandra de Sá
Música Preta Brasileira
Intérpretes negras

Como Citar

SILVA, Marilda de Santana. A tradição e o contemporâneo nas vozes de Clementina de Jesus e Sandra de Sá: duas décadas de Música Preta Brasileira. Música Popular em Revista, Campinas, SP, v. 7, n. 00, p. e020004, 2020. DOI: 10.20396/muspop.v7i.13696. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/muspop/article/view/13696. Acesso em: 28 mar. 2024.

Resumo

O presente artigo tem por base a representação da voz feminina negra nos seus aspectos estéticos, históricos, identitários e interseccionais. A voz, por ser um instrumento de comunicação e perpetuação de tradições e conhecimento, possui fundamental importância para a continuidade e a permanência das culturas de uma sociedade. Utilizando o binômio tradição e contemporâneo, ilustro duas vozes negras da Música Preta Brasileira (MPB), a partideira Clementina de Jesus e a soul woman Sandra de Sá. Em Clementina a ancestralidade pode ser entendida como uma categoria de relação, ligação, inclusão, diversidade, unidade e encantamento (OLIVEIRA, 2007), que atualiza a tradição a partir de sua experiência, sua sabedoria de vida, sua ética e sua sensibilidade partilhada; é a permanência do passado no presente, a resistência do que o capital quer soterrar, o que está vivo no presente (SILVA, 2016). Sandra de Sá, herdeira da black music do início dos anos 1970, dos bailes funk na periferia do Rio de Janeiro, se torna um fenômeno de vendas em meados dos anos 1980. Seu canto negro deixa explícito seus lastros periféricos. As duas cantoras foram chanceladas por produtores homens, brancos, que sufocaram por vezes suas vozes singulares, únicas.

https://doi.org/10.20396/muspop.v7i..13696
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Vídeos

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