Resumo
O objetivo deste artigo é iluminar alguns aspectos da gênese do rock and roll no Brasil. Analisando o curto período localizado entre 1955 e 1960, busca-se contestar a ideia de que, nessa época, o rock era praticamente inexistente enquanto prática social, composto em grande medida por iniciativas esparsas de intérpretes já consagrados. Não trabalhando com noções pré-definidas do que é rock, é possível enxergar como o mesmo conceito muda de definição com o passar do tempo. Uma extensa análise dos jornais e revistas da época deixa claro que rock and roll já era bastante reconhecido, sendo entretanto tomado como dança e não como gênero musical. É justamente essa natureza que nos interessa analisar, o que nos leva à descoberta de um circuito de eventos sociais extremamente movimentado nos subúrbios cariocas. Nesses locais, os dançarinos disputavam concursos onde a superioridade técnica de suas acrobacias estava em jogo. Organizados a partir da lógica dos shows de variedades, esses eventos contavam com atrações das mais diversas, revelando em sobremedida como a atmosfera do espetáculo é importante para compreender o papel social da música nessa época.
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