Resumo
Esse trabalho tem por objetivo problematizar o romance de James Joyce, Finnegans Wake, de 1939, e José e seus irmãos de Thomas Mann, publicado entre 1933-1943, como criações cujas poéticas modernistas, além dos efeitos estéticos, geram um discurso de não aceitação, tal qual Guernica de Pablo Picasso, concluída em 1937. É possível visualizar as três criações como exemplos de arte-inquietação num horizonte em que há um avanço de ideologias totalitárias e no qual o modo de produção capitalista já está instrumentalizado pela indústria cultural, com seus efeitos de passividade e massificação sobre os receptores. Assim, a principal finalidade é mostrar que Guernica, José e seus irmãos e Finnegans Wake podem se enquadrar na ideia defendida por Adorno em sua Teoria estética (2016), a de que as obras de arte resistem ao jogo do valor de troca e propõem mudanças para o atual estado de coisas, por meio de uma linguagem enigmática e de uma perspectiva utópica.
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