Resumo
O uso da viagem como ferramenta de aproximação com o desconhecido já não era necessariamente uma novidade no século XX. No entanto, naquele momento, o inicial estranhamento europeu para com a realidade brasileira ganhou novo sentido, abrindo-se para manipulação nacional do código dos viajantes pelos artistas e escritores modernistas. Lopez (1976: 16) destaca que a ida de Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, entre outros, a Minas Gerais em 1924 “provoca um amadurecimento no projeto nacionalista de nossos modernistas, fazendo com que a ênfase, que de início recaía [...] sobre o dado estético, possa ir [...] abrangendo e sulcando o projeto ideológico”. A proposta de encorpar a concepção de Brasil a partir dos relatos de viagem fazia circular conceitos e dava acesso ao olhar e pensamentos de alguns narradores, que muitas vezes, mais se ocupavam em comentar do que tentar descrever de forma verossímil a diversidade brasileira.
Referências
ANDRADE, Mário. O Turista Aprendiz. Telê Porto Ancona Lopez (Org.). São Paulo, Duas Cidades, Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia, 1976.
GUINZBURG, Carlo. Olhos de Madeira: nove ensaios sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
SQUEFF, Letícia C. “Paris sob o olho selvagem: Quelques Visages de Paris, de Vicente do Rego Monteiro”. In: MIYOSHI, Alex (Org.). Anais do Seminário: O selvagem e o civilizado nas artes, fotografia e literatura no Brasil. Campinas: Centro de História da Arte e Arqueologia, Programa de Graduação em História do IFCH, 2010.
ZANINI, Walter. Vicente do Rego Monteiro – Artista e Poeta 1899-1970. São Paulo: Marigo, 1997.
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Copyright (c) 2013 Renata Oliveira Caetano