Resumo
A circulação da imagem da sereia no mundo atlântico nos permite analisar de que forma imagens cruzaram fronteiras culturais, adquirindo novos sentidos, desde o início do processo de globalização, que em seus primórdios assumiu a forma do mercantilismo ibérico. A sereia é uma imagem híbrida em sua essência: sua forma, metade peixe e metade mulher, permite-lhe habitar dois universos opostos; enquanto signo, ela se constitui como um espaço cognitivo de convergência cultural, no qual é possível tatear disputas, negociação e sobreposição de sentidos.3 Não é de se estranhar que a sereia possa ser encontrada com maior incidência em contextos de contato, que pressupõem relações de dominação e resistência, entre europeus e africanos, europeus, africanos e nativos da América, africanos, europeus e indianos. Por motivo de síntese, essa comunicação abordará sua incidência nos fluxos entre África, Europa e Brasil.
Referências
BRENNER, Anita. Idols Behind the Altars: Modern Mexican Art and its Cultural Roots. New York: Dover, 2012.
COSTA, Joaquim L. “Luxúria e iconografia na escultura românica portuguesa”. In: Medievalista online, nº 17, jan-jun 2015.
DEAN, Carolyn; LEIBSOHN, Dana. “Hybridity and Its Discontents: Considering Visual Culture in Colonial Spanish America”, Colonial Latin American Review, 12: 1, 5 — 35, 2003.
DREWAL, Henry. “Local Transformations, Global Inspirations: The Visual Histories and Cultures. Münster: LIT Verlag and Tempe: Bilingual P, 2008. of Mami Wata Arts in Africa”. In: A Companion to Modern African Art (Ed. Gitti Salami e Monica Blackmun Visonà). UK: Wiley Blackell, 2013.
FROMONT, Cécile. The Art of Conversion. Christian visual culture in the Kingdom of Kongo. Chapell Hill: Omohundro Institute of Early American History and Culture, Williamsburg, Virginia by University of North Carolina Press, 2014.
GAIGNEBET, Claude. Art profane et religion populaire au Moyen Age. Paris: Université de France, 1985.
GISBERT, Teresa. Iconografía y mitos indígenas em el arte. La Paz: Gisbert y Cia, 1980.
GUIDO, Angel. Redescubrimiento de América em el arte. Buenos Aires: Ed. Ateneo, 1944.
LE GOFF, Jacques. “Melusina maternal e arroteadora”. In: Para um novo conceito de Idade Média. Lisboa: Estampa, 1980.
MAGALHÃES, Basílio de. O folclore no Brasil. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1960.
OGUMEFU, M. I. Yorubá Legends. Lexington: Forgotten Books, 2011.
RAAB, Josef; BUTLER, Martin (eds.). “Introduction: Cultural Hybridity in the Americas” In Hybrid Americas: Contacts, Contrasts, and Confluences in New World Literatures and Cultures. Münster: LIT Verlag and Tempe: Bilingual P, 2008.
SLENES, Robert. “The Great Porpoise-Skull Strike: Central African Water Spirits and Slave Identity in Nineteenth Century Rio de Janeiro” In HEYWOOD, Linda (Org.) Central Africans and Cultural Transformations in the American Diaspora. Cambridge: Cambridge University Press, 2002, pp. 183-208.
SHAW, Rosalind. Memories of slave trade: ritual and historical imagination in Sierra Leone. Chicago: University of Chicago, 2002.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2018 Francisco Dias de Andrade, Gabriela Paiva de Toledo