A trajetória de uma anunciação proibida
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Palavras-chave

Anunciação
Jacques Stella
Francesco Polanzani
Poussin

Como Citar

ABREU, Clara Habib de Salles. A trajetória de uma anunciação proibida. Encontro de História da Arte, Campinas, SP, n. 13, p. 265–273, 2018. DOI: 10.20396/eha.13.2018.4349. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/eha/article/view/4349. Acesso em: 3 maio. 2024.

Resumo

Este trabalho visa demonstrar a trajetória de uma composição sobre o tema da Anunciação de Cristo. A trajetória se inicia com um desenho de Jacques Stella [Fig. 1] que compunha uma série de 22 desenhos sobre a vida da Virgem Maria realizados em meados do século XVII. A primeira parada na nossa trajetória diz respeito a uma fraude em torno das obras de Jacques Stella que teve curso quase um século depois da realização dos desenhos. Michel de Masso, herdeiro de todo o espólio da sobrinha de Jacques Stella que, por sua vez, havia herdado as obras do tio se aproveitou da proximidade do artista com Poussin e atribuiu a série de desenhos à Poussin de modo que ela atingisse maior valor econômico. A série de desenhos, atribuída à Poussin, veio à tona em Roma em meados do século XVIII e serviu de modelo para as gravuras de Francesco Polanzani. Na Anunciação gravada por Polanzani [Fig. 2] vemos, desse modo, a inscrição: “Nic. Poussin inv. - F. Polanzani sculp.”, ou seja, Poussin teria inventado a composição e Polanzani aberto a gravura a partir do seu modelo. O caso, nos leva a refletir sobre o estatuto do artista e sobre o mercado de arte que, naquele momento teria recebido melhor obras atribuídas à Poussin do que obras atribuídas ao, menos célebre, Jacques Stella. A fraude de Michel de Masso, entretanto, foi descoberta ainda no século XVIII pelo colecionador Pierre Jean Mariette.

https://doi.org/10.20396/eha.13.2018.4349
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