Apagamento e vitalidade da tradição clássica no Brasil.
PDF

Palavras-chave

Historiografia
Tradição clássica
Apagamento
Vitalidade

Como Citar

RAGAZZI, Alexandre. Apagamento e vitalidade da tradição clássica no Brasil. Encontro de História da Arte, Campinas, SP, n. 13, p. 15–24, 2018. DOI: 10.20396/eha.13.2018.4307. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/eha/article/view/4307. Acesso em: 2 maio. 2024.

Resumo

No Brasil, as coisas mudam em um ritmo que pode aparentar ser lento e vertiginoso a um só tempo. Para nossa limitada percepção como seres finitos, algumas construções, por exemplo, parecem sempre ter estado no lugar em que estão. No caso do que consideramos como pertencente à tradição clássica, isto é, relativo à constituição, recepção e reelaboração do legado literário e figurativo da cultura greco-romana, a referência quase nunca é facilmente reconhecida pela população, e por isso o constante perigo de destruição. Em um piscar de olhos, o clássico deixa de ser cuidado, zelado; não é mais antigo, pois tornou-se velho. E eis então que aquele monumento de aparência decadente, à vista de todos em local destacado da cidade, seja ela uma metrópole ou um vilarejo, passa a incomodar. O que antes era sinal de cultura, de pertencimento ao mundo dito civilizado, agora é uma ferida exposta, a qual perturba a dignidade coletiva, pois, como ruína, escancara-nos o fato de que a vida é breve, de que, ao final, todos pereceremos. Nesse momento, entregue à sorte, dependendo dos rumos econômicos e interesses políticos, a tradição clássica pode vir abaixo de uma hora para outra se não estivermos atentos – e esse pensamento pode ser estendido, naturalmente, a todo o passado que se constitui como clássico por ser inaugural.

https://doi.org/10.20396/eha.13.2018.4307
PDF

Referências

ALBERTI, Leon Battista. De statua. Livorno: Sillabe, 1998.

ALBERTI, Leon Battista. “Della statua”. In: Opuscoli morali di Leon Batista Alberti. Venetia: Francesco Franceschi, 1568.

ARGAN, Giulio Carlo. Clássico e anticlássico. O Renascimento de Brunelleschi a Bruegel. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. BARONE, Juliana. “Poussin as engineer of the human figure: the illustrations for Leonardo’s Trattato. In: FARAGO, Claire (org.). Re-reading Leonardo. The Treatise on painting across Europe, 1550-1900. Aldershot: Ashgate, 2009, pp. 197-235.

BELLORI, Giovan Pietro. Le vite de’ pittori, scultori et architetti moderni. Roma: Per i Success. al Mascardi, 1672.

BIALOSTOCKI, Jan. “Some values of artistic periphery”. In: Rocznik Muzeum Narodowego w Warszawie (Annuaire du Musée National de Varsovie), XXXV, 1991. Warszawa: Muzeum Narodowe w Warszawie, 1993, pp. 129-136.

BOSSE, Abraham. Traité des pratiques géométrales et perspectives enseignées dans l’Académie Royale de la Peinture et Sculpture. Paris: Chez l’Auteur, 1665.

CASTELNUOVO, Enrico; GINZBURG, Carlo. “Centro e periferia”. In: PREVITALI, Giovanni (org.). Storia dell’arte italiana. Torino: Einaudi, 1979, v. 1, pp. 285-352.

FERRAZ, Olga B.; MELO, Florentina F. de; RIBEIRO, Eduardo de F. “Restauração do chafariz monumental do Monroe – identificação dos problemas de corrosão”. In: Anais do 2º Congresso Latino-Americano de Restauração de Metais. Rio de Janeiro: MAST, 2005, pp. 191-209.

FRÉART DE CHAMBRAY, Roland. Parallèle de l’architecture antique et de la moderne. Paris: Edme Martin, 1650.

MAGALHÃES, Cristiane Maria. O desenho da história no traço da paisagem: patrimônio paisagístico e jardins históricos no Brasil – memória, inventário e salvaguarda. Tese de doutorado. Campinas: Unicamp, 2015.

MENZIO, Eva (ed.). Artemisia Gentileschi. Lettere – Precedute da “Atti di un processo per stupro”. Milano: Abscondita, 2004.

SPARTI, Donatella Livia. “Cassiano Dal Pozzo, Poussin and the making and publication of Leonardo’s Trattato”, Journal of the Warburg and Courtauld Institutes, v. 66, 2003, pp. 143-188.

VINCI, Leonardo da. Libro di pittura. Edizione in facsimile del Codice Urbinate Lat. 1270 nella Biblioteca Apostolica Vaticana. Firenze: Giunti, 1995.

VINCI, Leonardo da. Trattato della pittura [...] novamente dato in luce, con la vita dell’istesso autore scritta da Rafaelle du Fresne. Si sono giunti i tre libri della pittura e il trattato della statua di Leon Battista Alberti. Paris: Giacomo Langlois, 1651 (a).

VINCI, Leonardo da. Traité de la peinture [...] traduit d’italien en françois par R[oland] F[réart] S[ieur] D[e] C[hambray]. Paris: Jacques Langlois, 1651 (b).

WINCKELMANN, Johann Joachim. Reflexões sobre a arte antiga. Porto-Alegre: Co-Edições UFRGS / Movimento, 1975.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2018 Alexandre Ragazzi

Downloads

Não há dados estatísticos.