As histórias em quadrinhos e os historiadores
No centro, ilustração de aparência antiga com um homem de vestes amarelas escrevendo com uma pena em um caderno, em frente à um armário de madeira. As partes superior e inferior da capa contém um fundo azul com as informações sobre o evento.
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Palavras-chave

História em quadrinhos
História da Arte
Cultura de massa
História da arte

Como Citar

PEREIRA, Priscila. As histórias em quadrinhos e os historiadores: embates e perspectivas de aproximação. Encontro de História da Arte, Campinas, SP, n. 5, p. 326–331, 2009. DOI: 10.20396/eha.5.2009.4025. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/eha/article/view/4025. Acesso em: 22 jul. 2024.

Resumo

Este texto apresentará algumas possibilidades de análise de uma fonte ainda pouco explorada pelos historiadores, de um modo geral, e pelos historiadores da arte, de maneira particular: as histórias em quadrinhos (HQs). Sua aparição nas cadeias de jornal norteamericanas e de alguns países europeus data de finais do século XIX, e seu surgimento está intimamente relacionado ao aperfeiçoamento de técnicas de reprodução de imagens e ao desenvolvimento da indústria editorial, sobretudo aquela voltada para o setor do entretenimento. Além disso, muito já se comentou sobre o potencial expressivo dos quadrinhos, que misturam artes, gêneros e épocas, através de uma aliança bem-sucedida entre cultura icônica e cultura literária. Todavia, ainda que a HQ possa ser vista hoje como um gênero consolidado, ela ainda sofre o ranço de ser considerada uma arte menor, já que seria “filha do comercialismo e da tecnologia, concebida por descuido e nascida por acidente”. Sem contar que, ainda hoje, existem inúmeros lugares-comuns que continuam insistindo na obviedade da linguagem dos quadrinhos, como se esse meio de comunicação não apresentasse nenhuma complexidade. Neste sentido, pretende-se discutir algumas problemáticas relacionadas ao universo das HQs, como sua vinculação com a cultura de massa, com as indústrias culturais, com os estudos da semiótica e, por que não?, com a política. Saber, por exemplo, se estamos tratando de um material que é meio de comunicação, arte, linguagem e/ou gênero, bem como entender o funcionamento da “gramática dos quadrinhos”, sua estrutura e tipologia, constitui um desafio para os estudiosos da “sociedade do espetáculo”, cuja força reside também no poder das imagens. Quer dizer, inserir no domínio propriamente historiográfico os questionamentos advindos do campo da cultura de massa é hoje um imperativo. Além do mais, é preciso historicizar a "história" desses artefatos culturais, a fim de que recuperaremos sua materialidade e compreensibilidade históricas - e que pertencem ao âmbito da temporalidade.

https://doi.org/10.20396/eha.5.2009.4025
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