17ª Edição - 2023

Sob Ataque: preservação e destruição de imagens na história da arte

O ano de 2023 começa no Brasil com um novo presidente eleito e uma invasão ao Palácio do Planalto por eleitores bolsonaristas contrários às eleições democráticas de 2022 que levou à depredação de diversas obras de arte sob posse do Estado brasileiro.

O ato de atacar obras de arte não é novidade na história, e os significados desses ataques não são os mesmos.

Durante o ano de 2022 não foram raras as manifestações de ativistas em protestos contra mudanças climáticas que envolveram ataques à obras de arte em grandes museus no mundo. Na National Gallery, os Girassóis de Van Gogh foram atingidos por tomate enlatado pelos ativistas do Just Stop Oil; no Museu Barberini, o grupo Letzte Generation joga purê de batata em Monet; na Galeria Nacional da Austrália, rabiscos nas latas de Campbell de Warhol são feitos por membros do Stop fossil fuel Subsidies; no Louvre, ativista climático atingiu a Monalisa de Da Vinci com uma torta.

Outros eventos, como os relacionados aos movimentos Black Lives Matter (Vidas Pretas Importam), de crítica ao legado da escravidão, levaram não apenas à derrubada de estátuas na Inglaterra, Bélgica e nos Estados Unidos, mas a processos de revisão e reflexão sobre o papel dessas obras na sociedade contemporânea; no Brasil, ainda no bojo dessa toada internacional, vimos incêndios e pichações em estátuas de bandeirantes ao longo de 2021.

Também se fez papel da crítica, nesse sentido e tempo, observar os processos de destruição e preservação de monumentos e obras em espaços de guerra, repressão e dominação — como no Oriente Médio nos últimos 40 anos ou durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), etc. — bem como questionar a continuidade ou extinção de peças de literatura e teatro, peças de arte que costumeiramente escapam às discussões comuns em torno da iconoclastia, ao mesmo tempo em que servem de exemplo da complexidade e matização das questões que envolvem os mecanismos de manutenção do sistema e do cânone artístico e cultural que informam e conformam nossa realidade compartilhada.

Em seu livro Iconoclasm, David Freedberg aponta que, quando falamos de iconoclastia, preservação e destruição são dois lados da mesma moeda. Isso porque, segundo Mirjam Brusius, objetos foram destruídos ao longo da história justamente porque "objetos vistos como valiosos por alguns, mas 'idólatras' para outros, por exemplo, às vezes foram destruídos precisamente porque eram considerados dignos de preservação por partes opostas".

Nesta XVII edição do EHA propomos, na esteira desses acontecimentos e dos estudos que os cercam, refletir sobre o ataque a imagens e seus significados na história da arte.

O XVII Encontro de História da Arte será realizado em parceria com o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, que oferecerá atividades extras aos participantes, como visitas mediadas presenciais e virtuais à instituição.