O falso triunfalismo das diretrizes para as culturas populares na América Latina
DOI:
https://doi.org/10.20888/ridphe_r.v5i0.9824Palavras-chave:
Cultura Popular, América Latina, Organizações MultilateraisResumo
Este artigo trata da análise das diretrizes oficiais produzidas em convenções, encontros e seminários temáticos que versam sobre a valorização e o apoio às culturas populares na América Latina entre 2000 e 2017. Para a realização desse estudo examinou-se documentos oficiais relativos às temáticas da diversidade cultural e da cultura popular, produzidos pela Unesco e, a Carta Sul-Americana de Culturas Populares. Em seguida, realizou-se levantamento e catalogação de jogos, lutas, danças, cantos etc., tipificadas como culturas populares na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Guatemala, México, Peru, Uruguai e Venezuela. Com base nesses dados e análise de conteúdo, problematizou-se acerca da relação entre as diretrizes oficiais, os patrimônios culturais nacionais e os processos de formação profissional com valorização das manifestações culturais populares. Como resultado destaca-se que, apesar de as diretrizes oficiais de proteção e defesa de culturas populares se constituírem como conquistas de movimentos que lutam em defesa dessas expressões, do ponto de vista operacional, isso não se efetiva. Além disso, identificou-se que as diretrizes oficiais são ineficazes diante dos contextos de invisibilização dessas práticas nos currículos de formação profissional e, da ausência de políticas públicas que assegurem paridade na proteção e no reconhecimento dessas expressões.
Downloads
Referências
AYALA, Alfredo. Geografía física general y especial de Bolivia. La Paz: Editora Gisbert & Cía, 1979. 329 p.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução de Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa-Portugal: Edições 70/LDA, 1977. 225 p.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2009. 440 p.
CARTA SUL-AMERICANA DAS CULTURAS POPULARES. 2008. Disponível em: <http://culturadigital.br/setorialculturaspopulares/files/2010/02/2008-Carta-Sul-Americana-das-Culturas-Populares-Caracas-2008-Portugues-BR.pdf>. Acesso em: 17 out. 2018.
CASTRO-GÓMEZ, S. La poscolonialidad explicada a los niños. Popayán, Colômbia: Editorial Universidad del Cauca/Instituto Pensar, Universidad Javeriana, 2005.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Tradução de Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. 351 p.
CONFERÊNCIA REGIONAL DAS AMÉRICAS SOBRE AVANÇOS E DESAFIOS NO PLANO DE AÇÃO CONTRA O RACISMO, A DISCRIMINAÇÃO RACIAL, A XENOFOBIA E AS INTOLERÂNCIAS CORRELATAS. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.seppir.gov.br/central-de-conteudos/publicacoes/pub-assuntos-internacionais/relatorio_plenaria_final.pdf> Acesso em: 20 mar. 2018.
ESCOBAR, Arturo. Worlds and knowledges otherwise. In: Cultural Studies. n. 21, v.2, p. 179 – 210. 2007.
FALCÃO, José Luiz Cirqueira et. al. A presença da cultura popular nos currículos de formação profissional em Educação Física da Argentina, Chile, Colômbia e Peru. In: SILVA, Ana Márcia & BEDOYA, Victor. Molina. (Orgs.). Educación Física en América Latina: currículos y horizontes formativos. Jundiaí-SP: Paco Editorial, p. 223-256, 2017.
FANON, Franz. Peles negras, máscaras brancas. Salvador: Editora EDUFBA, 2008. 191 p.
FARIAS, Edson Silva de. e MIRA, Maria Celeste. Introdução: mensagens do pós-nacional-popular. In: FARIAS, Edson Silva de. e MIRA, Maria Celeste. Faces contemporâneas da cultura popular. (Orgs.). Jundiaí: Paco Editorial, 2014.
FRASER, Nancy. Repensando o reconhecimento. Enfoques: Revista Eletrônica dos Alunos do PPGSA/ IFCS/ UFRJ. v. 9, n. 1, Rio de Janeiro: UFRJ, 2010. p. 114-128.
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007, 384 p.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1989. 470 p.
GILROY, P. O atlântico negro: modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Ed. 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001. 468 p.
HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. 434 p.
HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Multidão: guerra e democracia na era do império. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2005. 532 p.
HENSBROEK, Pieter Boele Van. Cultural citizenship as a normative notion for activist practices. Citizenship Studies. v. 14, n. 3., p. 317-330, 2010.
II CONFERÊNCIA DE INTELECTUAIS DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA. A diáspora e o renascimento africano. Relatório final. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2009. Disponível em: < http://funag.gov.br/loja/download/549-ii_CIAD.pdf> Acesso em: 2 mar. 2018.
I ENCONTRO SUL-AMERICANO DAS CULTURAS POPULARES E II SEMINÁRIO NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS CULTURAS POPULARES. São Paulo: Instituto Polis; Brasília, DF: Ministério da Cultura, 2007.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Dossiê Iphan 12: Roda de capoeira e ofício dos mestres de capoeira. Brasília: Ministério da Cultura, 2008. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/DossieCapoeiraWeb.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2018.
LÓPEZ, Antonio. Espino. La conquista de América: una revisión crítica. Barcelona, Espanha: RBA Libros, 2013. 416 p.
MENESES, Maria Paula. Justiça cognitiva. In: CATTANI, Antonio David; LAVILLE, Jean-Louis.; GAIGER, Luiz Inácio; HESPANHA, Pedro. (orgs.). Dicionário Internacional da Outra Economia. Coimbra: Almedina, p. 231-236, 2009.
MIGNOLO, Walter. Histórias locais / projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. 505 p.
MORALES, Ghillermo. Abadía. Compendio general de folclore colombiano. 4. ed. rev. y acotada. Bogotá: Fondo de Promoción de la Cultura del Banco Popular, 1983. 541 p.
ONU. Declaração dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: <http://www.un.org/es/universal-declaration-human-rights/>. Acesso em: 10 out. 2018.
ONUBR. Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Disponível em: <https://nacoesunidas.org/agencia/ompi/> Acesso em 19 out. 2018.
RANZI, Alceu. Universidade da floresta. In: Ambiente Acreano. 26 set. 2007. Disponível em: <http://ambienteacreano.blogspot.com.br/2007/09/universidade-da-floresta_26.html> Acesso: 22 fev. 2018.
ROIZMAN, Maysa. Blay. A convenção sobre a proteção e promoção da diversidade das expressões culturais e o direito interno. In: PIDCC. Aracaju, Ano III, ed. n. 5, p. 140 – 160, 2014,
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais. n. 63. p. 237 - 280, 2002.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, 610 p.
SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Editora Cortez, 2010. 637 p.
SERRA, Ordep. VOLPINI, Lorena. Considerações sobre a violência fria. Caderno C R H. Salvador, v. 29, n. 76, p. 119-131, Jan./Abr. 2016.
SIL INTERNACIONAL. Associação Internacional de Linguística – Brasil. 2009. Disponível em: <http://www-01.sil.org/americas/brasil/pdfs/2009-sil-update-portuguese.pdf.>. Acesso em: 30 out. 2018.
SILVA, Sidney de Souza. Danças tradicionais: elemento étnico-cultural de imigrantes bolivianos em São Paulo. In: FERNANDES, Joana.; HERBETTA, Alexandre. Ensaios sobre a diferença: reflexões a partir das culturas e identidades. Goiânia: CEGRAF – Gráfica da UFG, p. 67 – 80, 2016.
TODOROV, Tzvetan. A conquista da América: a questão do outro. 3. ed. Tradução Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 400 p.
TORREALBA, Elvis Ramírez. Una aproximación histórica al desarrollo de la Educación Física en la América Prehispánica. In: Actas III Encuentro ALESDE Congreso Latinoamericano de Estudios Socioculturales del Deporte. Concepción, Chile, out. 2012.
UNESCO. Convenção sobre a proteção e promoção da diversidade das expressões culturais. 2007. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001502/150224POR.pdf> Acesso em: 19 out. 2018.
UNESCO. Patrimonio cultural inmaterial. Disponível em: <https://ich.unesco.org/es/listas> Acesso em 20 out. 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são de exclusividade da revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não comerciais. Sendo utilizados dados ou o artigo completo para outros fins, o autor deverá solicitar por escrito autorização ao editor para tais fins.
A RIDPHE_R Revista Iberoamericana do Patrimônio Histórico-Educativo utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.
Licença utilizada: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Aviso de derechos de autor
Los derechos de autor para artículos publicados en esta revista son de exclusiva de la revista. En virtud de aparecer en esta revista de acceso público, los artículos son de uso gratuito, con atribuciones propias, en aplicaciones educativas y no comerciales. Si se utilizan datos o el artículo completo para otros fines, el autor deberá solicitar por escrito autorización al editor para tales fines.
La RIDPHE_R Revista Iberoamericana del Patrimonio Histórico-Educativo utiliza la licencia de Creative Commons (CC), preservando así la integridad de los artículos en ambiente de acceso abierto.
Licencia usada: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/