Resumo
Este artigo investiga o histórico da projeção de certas grandes construções culturais sobre o espaço, que será investigado com suporte no conceito metalinguístico de código. Esses códigos são: o código cósmico (cosmogonia e cosmologia); o código antropomórfico, referindo-se a características humanas, frequentemente físicas; e o código estético. Utilizando dois exemplos muito diferentes, um encontrado na África e outro que se refere à Índia tradicional, argumento que os códigos cósmico e antropomórfico foram, em sua inter-relação, predominantes para o investimento significativo do espaço e, de forma geral, no universo cultural das sociedades históricas ou pré-capitalistas recentes. Desafio o hábito persistente de extrapolar um código estético autônomo, semelhante ao nosso, como de grande importância para as culturas do passado e suas conquistas espaciais. Defendo que esse hábito segue uma perspectiva eurocêntrica, informada pela ética kantiana, e fundamento essa posição com evidências históricas da Grécia Antiga, assim como da Índia e China tradicionais. Os três casos mostram que a constituição da “estética” nessas culturas depende das dinâmicas combinadas dos dois primeiros códigos. Após uma breve referência sobre o destino dos três códigos na Modernidade, encerro com uma discussão de certas teorias filosóficas correntes que defendem a universalidade dos conceitos estéticos.
Referências
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