Os Krahô, os tubérculos, os hôxwa e artistas
Imagem da capa de revista com título no canto superior esquerdo. Abaixo do título, estão presentes informações sobre ISSN, volume e número da edição. No centro da imagem, há 5 figuras de pessoas vestindo vestidos vermelhos, em diferentes posições de dança, com os braços em movimento. O fundo é branco, destacando a vibrante coreografia das figuras em destaque.
PDF

Palavras-chave

Antropologia da arte
Hôxwa Krahô
Festa da batata

Como Citar

SILVA, Maurício Caetano da. Os Krahô, os tubérculos, os hôxwa e artistas: sobre algumas das relações na festa da batata . Proa: Revista de Antropologia e Arte, Campinas, SP, v. 8, n. 2, p. 15–28, 2018. DOI: 10.20396/proa.v8i2.17579. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/proa/article/view/17579. Acesso em: 3 jul. 2024.

Resumo

Adiante nos debruçaremos sobre a Festa da Batata dos Krahô, que na língua desta etnia recebe o nome de Yetÿopi. Tal ritual faz referência ao conhecimento adquirido pelos Krahô graças ao contato que um deles tivera com a Batata e outros tubérculos no tempo mítico. Hoje esta festa possui uma série de atos que constroem o ritual como um todo condizente com o modo de produção do conhecimento krahô. Um desses atos é a dança dos hôxwa em torno da fogueira em um determinado momento da festa. Serão os hôxwa o ponto nodal deste artigo, que busca fazer alguns apontamentos sobre a relação de alteridade proporcionado pelo apelo estético que sua dança produz. Por fim, nos é desafiador pensar sobre os desdobramentos deste apelo, uma vez que tal dança também se tornou uma manifestação reconhecida como artística por artistas e apresentadas no contexto do espetáculo, não se limitando à festa ritual realizada no interior da aldeia.

https://doi.org/10.20396/proa.v8i2.17579
PDF

Referências

ABREU, A. C. F. Hotxuá à luz da etnocenologia: a prática cômica krahô. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas). Escola de Teatro – Universidade Federal da Bahia, 2015. Disponível em: http://re-positorio.ufba.br/ri/handle/ri/17916. Acesso em: setembro de 2015.

AZANHA, G. A Forma Timbira: Estrutura e Resistência. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, 1984.

BASSO,E. A musical view of the universe: kalapalo myth and ritual performances. Philadelphia: Uni-versity of Pennsylvania, 1985.

BATESON, G. Naven: um esboço dos problemas sugeridos por um retrato compósito, realizado a partir de três perspectivas, da cultura de uma tribo da Nova Guiné. São Paulo: EDUSP, 2006.

BOLOGNESI, M. F. Palhaços. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

CARDIA, G. & SABATELLA, L. Hotxuá. [Filme--vídeo]. Pedra Corrida Produções. Tocantins, Petrobrás. 1 DVD HDCAM, 70 min. color. som. 2009.

CARNEIRO DA CUNHA, M. Os mortos e os outros. Uma análise do sistema funerário e da noção de pessoa Krahó. São Paulo: Editora Hucitec, 1978.

CARNEIRO DA CUNHA, M. “Cultura” e cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais. In: CARNEIRO DA CUNHA, M. Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo, Cosac Naify, 2009.

COELHO DE SOUZA, M. O traço e o círculo: o conceito de parentesco entre os Jê e seus antropólogos. Tese (Doutorado em Antropologia Social). PPGAS/Museu Nacional-UFRJ. 2002.

DELEUZE, G. Cinema, a imagem-movimento. São Paulo: Brasiliense, 1985.

DELEUZE, G. Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Graal, 2006.

DUMAS, A. G. Etnocenologia e comportamentos espetaculares: desejo, necessidade e vontade. In: Anais do VI Congresso de Pesquisa e Pós-Gaduação em Artes Cênicas. 2010.

FAUSTO, C. Banquete de gente: comensalidade e canibalismo na Amazônia.In: Revista Mana. Vol. 8, n. 2. Rio de Janeiro. Outubro. 2002.

FERRACINI, R. A Arte de Não-Interpretar como Poesia Corpórea do Ator. Dissertação (Mestrado em Multimeios). Instituto de Artes. UNICAMP. Campinas, 1998.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

HOWARD, C. Pawana: a farsa dos visitantes entre os Waiwai da Amazônia. In: VIVEIROS DE CASTRO, E. & CARNEIRO DA CUNHA, M. (orgs.). Amazônia: etnologia e história indígena. São Paulo: USP/FAPESP, 1993.

LADEIRA, M. E. A troca de Nomes e a Troca de Cônjugues, uma Contribuição ao Estudo do Parentesco Timbira. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, 1982.

LAGROU, E. A fluidez da forma: arte, alteridade e agência em uma sociedade amazônica (Kaxinawa, Acre). Rio de Janeiro: TopBooks, 2007.

LATOUR, B. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Ed.34, 1994.

LEPECKI, A. Coreopolítica e coreopolícia. In: Ilha. Revista de Antropologia. v. 13, n. 1, jan./jun. (2011) 2012.LÉVI-STRAUSS, C. O cru e o cozido: Mitológicas I. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

STRAUSS, C. Do mel às cinzas: Mitológicas II. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

LIMA, A. G. M. Hoxwa: Imagens do Corpo, do Riso e do Outro. Uma abordagem etnográfica dos palhaços cerimoniais Krahô. Dissertação (Mestrado em Sociologia e Antropologia). Rio de Janeiro, PPGSA-IFCS / UFRJ, 2010.

LIMA, A. G. M. “Brotou batata para mim”: cultivo, gênero e ritual entre os krahô (TO, Brasil). Tese (Doutorado em Sociologia e Antropologia). Rio de Janeiro, PP-GSA-IFCS / UFRJ, 2016.

MAUSS, M. As Técnicas Corporais. In: MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. São Paulo: EPU/EDUSP, 1974.

MAYBURY-LEWIS, D. (ed.) Dialectical Societies. The Gê and Bororo of Central Brazil. Cambridge, Massachusetts and London: Harvard University Press, 1979.

MELATTI, J. C. O sistema social crao. In: Série Antropológica. 1970. Disponível em: http://www.juliomelatti.pro.br/tese/teseindice.pdf. Acessado em: 29/03/2018.

MELATTI, J. C. O sistema de parentesco dos índios crao. In: Série Antropológica. 1973. Disponível em: http://www.juliomelatti.pro.br/artigos/a-parentescocrao.pdf. Acessado em: 29/09/2015.

MELATTI, J. C. Ritos de uma tribo timbira. São Paulo: Ática, 1978.

MELATTI, J. C. Sol e Lua. Em: Mitologia Indígena. 2001. Disponível em: http://www.juliomelatti.pro.br/mitos/m04solua.pdf. Acessado em: 14/05/2015.

MONTARDO, D. & SCHNEIDER, H. Uma etnografia do festival cultural das Tribos indígenas do Alto Tio Negro/AM (Festribal). In: Ilha. Revista de antropologia. v. 13, n. 2, jul./dez. (2011) 2012.

REIS, D. M. Caçadores de risos: o mundo maravilhoso da palhaçaria. Tese (Doutorado em Artes Cênicas). Escola de Teatro – Universidade Federal da Bahia, 2010.

STRATHERN, M. A relação: acerca da complexidade e da escala. Em: O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

TASSINARI, A. M. I. No bom da festa: o processo de construção cultural das famílias karipuna do Amapá. São Paulo: EDUSP. 2003.

TAUSSIG, M. Mymesis and Alterity. A particular history of the Senses. New York and London: Routledge, 1993.

VILAÇA, A. Conversão, predação e perspectiva. In: Revista Mana. Vol.14, n. 1. Rio de Janeiro. Abril. 2008.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Perspectivismos e culturalismo na América indígena. In: A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2018 Maurício Caetano da Silva

Downloads

Não há dados estatísticos.