Resumo
A criação do Museu Penitenciário Paulista no final da década de 1930 foi fortemente influenciada pelas correntes científicas do determinismo biológico existentes na época. Após o declínio dessas concepções que instigaram a criação do museu, ele caiu em ostracismo até ser reformulado e ganhar um novo espaço físico em 2014. Atualmente, suas funções não são mais as mesmas; todavia, parte do pensamento original permanece viva em suas exposições análoga a uma visão institucionalizada do órgão que o administra. O intuito deste artigo é investigar quais os discursos contidos no museu, como se articulam uns com os outros e com as pessoas que afirma representar. Com o auxílio de pesquisas que constituem uma genealogia do sistema penitenciário paulista e que se debruçam sobre os poderes que emanam desses meios, este estudo prioriza o reconhecimento das diversas fronteiras existentes no museu.
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