Resumo
O objetivo deste artigo é compreender, a partir de certas representações do Outro e do “primitivo”, o regime de enunciação estético do modernismo e suas vanguardas, no final do século XIX e início XX, que deslocaram as
ditas “artes negras” para o centro das discussões estéticas da Europa naquele momento. Partindo das representações da nudez na pintura e na fotografia, pretende-se localizar as chaves interpretativas pelas quais algumas correntes modernistas conceberam as produções plásticas não ocidentais como modelo e inspiração para seus experimentos e subversões formais e estéticos. Sem aderir ou rejeitar absolutamente as contribuições modernistas para o entendimento das artes plásticas não ocidentais, o artigo se propõe a descrever os regimes de representação
que levaram os olhos europeus a considerar determinados objetos plásticos como obras de arte.
Palavras-chave>
Arte negra, vanguardas, modernismo, arte africana.
Referências
ARGAN, G. C. A arte moderna na Europa: de Hogarth a
Picasso. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
BALOGUN, Ola. Forma e expressão nas artes africanas.
In: ALPHA, Sow. Introdução à cultura africana. Lisboa:
UNESCO/Edições 70 pags.37 a 94.
BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios
sobre literatura e história da cultura. – 7. Ed. São Paulo:
Brasiliense, 1994. – (Obras escolhidas; v. 1).
BEVILACQUA, J. R. S.; SILVA, R. A. Africa em Artes. São
Paulo: Museu Afro Brasil, 2015.
BHABBA, H. K. O Local da Cultura. Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 1998.
BÜRGER, P. Teoria da vanguarda. São Paulo: Cosac Naify,
CHIPP, H. B. Teorias da arte moderna. São Paulo: Martins
Fontes, 1996.
COLI, J. O corpo da liberdade – reflexões sobre a pintura
do século XIX. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
CONDURU, R.; O’NEIIL, E. (orgs.). Carl Einstein e a arte
da África. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2015.
DIAWARA, M. “A arte da resistência africana”. In: Search
of África. Tradução de Marina Santos. Nova York, Harvard
University Press. Disponível no Artafrica.info, 1998.
DIDI-HUBERMAN, G. “O anacronismo fabrica a história:
sobre a inatualidade de Carl Einstein”. In: ZIELINSKY, M
(org.). Fronteiras – arte, crítica e outros ensaios. Porto
Alegre: Editora UFRGS, 2003.
EINSTEIN. C. Picasso y el Cubismo. Madrid: Casimiro
libros, 2013.
EWING, W. El Cuerpo – Fogoráfias de la configuración
humana. Madrid: Ediciones Siruela, 1996.
FABIAN, J. O Tempo e o Outro: como a antropologia
estabelece seu objeto. Petrópolis: Vozes, 2013.
HAHN, H. Peter. “Leo Frobenius in West Africa: Some Remarks
on the History of Anthropology”. In: R. KUBA; M.
HAMBOLU (Org.). Nigeria 100 Years Ago. Through the
Eyes of Leo Frobenius and his Expedition Team. Frankfurt:
Frobenius Institut, 2010, 27-32.
HALL, S. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Ed.
PUC-Rio: Apicuri, 2016.
LAWAL, Babatunde. Orí: the significance of the Head in
Yoruba Sculpture. In: Journal of Anthropological Research.
Vol. 41, No. 1. 1985, p. 91. Disponível em: http://
www.jstor.org/stable/3630272. Acesso em 09 de março
de 2016.
NASCIMENTO, Abdias do. African Culture in Brazilian
Art. Journal of Black Studies. Vol. 8, No. 4 (jun. 1978),
pp. 389-422.
NIETZSCHE, F. W. Assim falou Zaratustra. São Paulo:
Martin Claret, 2012.
PRICE, S. Arte Primitiva em centros Civilizados. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 2000, p. 93.
RANCIÈRE, J. A partilha do sensível. São Paulo: Editora
, 2009.
RODRIGUES, Nina. Os africanos no Brasil. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1945.
SAID, E. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente.
São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
YAI, Olabiyi Babaola. Tradition and the Yoruba Artist.
In: African Arts, Vol. 32, No. 1, edição especial: autoria
na Arte Africana, parte 2, 1999. p. 33. Disponível em:
http://www.jstor.org/stable/3337535. Acesso em 09 de
março de 2016.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2017 PROA Revista de Antropologia e Arte