Resumo
Este artigo busca realizar um percurso crítico a respeito do gênero elegíaco desde suas origens até as Heroides de Ovídio. Ainda na Antiguidade, a elegia era um gênero ligado à canção de lamento, sobretudo fúnebre. No entanto, ao analisarmos as elegias dos gregos arcaicos e dos helenísticos, não encontramos composições estritamente de lamento, o que será visto na poesia dos latinos a partir de Catulo e Galo. Com este poeta se inaugura a elegia erótica, na qual encontramos o lamento amoroso. Tibulo e Propércio levam o gênero a suas últimas consequências, tanto que nas últimas composições o amor já não é mais tema central, e Ovídio, diante disso, só pode romper com a tradição, o que de fato faz desde o início de sua carreira poética. Neste sentido, as Heroides são uma amostra da originalidade do poeta de Sulmona, além de ser a sua obra que mais fortuna teve após as Metamorfoses na história da literatura.
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