A terceira geração da classe trabalhadora chinesa
PDF

Palavras-chave

China
Precarização
Classe trabalhadora
Semiproletarização

Como Citar

SCHWANTES CORREA, Cassiano. A terceira geração da classe trabalhadora chinesa: precarização e smi proletarização diante de uma economia de plataformas. Seminário Pesquisar China Contemporânea, Campinas, SP, n. 7, 2023. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/chinabrasil/article/view/5207. Acesso em: 19 maio. 2024.

Resumo

A China, hoje, possui contradições inerentes de um modelo novo de desenvolvimento econômico com características próprias que surgem como lacunas nas pesquisas para compreender os processos históricos e prospecções atuais de sua sociedade. No contexto de “maior fábrica do mundo” e de “maior força de trabalho do mundo”, a China tem se apresentado como objeto singular de investigação para os estudos da relação capital-trabalho com características chinesas. Investigar-se-á a formação de uma nova classe chinesa, classificada como a Terceira, seguindo a linha histórica de Pun (2019), diante de uma economia de plataformas que se coloca como, atualmente, a maior do mundo. As mudanças que se deram e vêm se dando para a classe trabalhadora chinesa são consequências da transformação do regime de acumulação chinês, o qual desde 2008 tem assumido um crescimento puxado pelas inovações tecnológicas. Ou melhor, a era do New Normal na China (NOGUEIRA, 2021). O país possui hoje a maior economia de plataformas do mundo. Em 2016, aproximadamente, a China possuía 830 milhões de usuários na internet, os quais 75% destes utilizavam plataformas ou aplicativos online. A partir de 2005, os trabalhos por meio de plataformas online cresceram de forma intensa e, em 2010, já se registraram mais de 10 mil categorias de trabalho online ou offline (CHEN, 2021). Essas mudanças geram efeitos diretos para a classe trabalhadora chinesa que enfrenta pouca regulação diante de uma economia digital. Logo, os resultados dessa instável relação capital-trabalho se refletem na nova classe formada, a partir de 2008, com a mudança do regime de acumulação caracterizado pelo aumento do setor de serviços e queda dos trabalhos industriais. A pesquisa analisará dois conceitos preliminares que têm caracterizado as últimas décadas do trabalho na China para melhor clareza desse processo doméstico complexo. Para definição de Precarização, Lee (2018) coloca que para cada situação específica o conceito se configura de modo relacional, relativo e contextualizadamente dependente. Mas, de forma sucinta, a precarização é a exclusão de trabalhadores do mercado de trabalho formal em que há a negação de reconhecimento de seu trabalho como trabalho regulado, além da exclusão de seguridade social e de outros meios de proteção. O segundo conceito, de semiproletarização, para QI (2019) é a participação e dependência simultânea das famílias dos trabalhadores migrantes na reprodução material do campo e da cidade. Ou seja, os rendimentos assalariados e agrícolas são necessários para manter estas famílias no campo e reproduzir esse status de semiproletarizado do trabalhador migrante, os quais são em maioria precarizados - 60% destes não possuem contrato laboral no mercado de trabalho. As dinâmicas da relação capital-trabalho possuem características chinesas próprias e isso demanda uma observação cautelosa para as prospecções. Dessa forma, o trabalho ainda incipiente, caracteriza-se como teórico-conceitual, histórico e dedutivo, a partir de uma revisão bibliográfica, para entender os fatores que se apresentam diante dessa terceira classe trabalhadora chinesa que surge em 2008 e está diante de uma precarização constante com o aumento da informalidade e, de uma semiproletarização histórica com a permanência do “Hukou system”.

PDF

Referências

CHEN, Por (Vincent) Yiu. Online digital labour platforms in China Working conditions, policy issues and prospects. ILO Working Paper 24. International Labour Organization - ILO. January, 2021.

LEE, CK. (2018). China’s Precariat. Globalizations, 16(2): 137-154. 2018.

PUN, N. The new Chinese working class in struggle. Dialectical Anthropology, v. 44. p. 319–329. 2020.

QI, H. Semi-Proletarianization in a Dual Economy: The Case of China. Review of Radical Political Economy, 51(4): 553-561. 2019.

NOGUEIRA, I. O Estado na China. Revista OIKOS. v. 2, n. 1, p. 6-16, jan./abr. 2021.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2023 Seminário Pesquisar China Contemporânea

Downloads

Não há dados estatísticos.