A história da ascensão chinesa a partir da pegada ecológica

Abstract

O sucesso do projeto de desenvolvimento chinês é amplamente reconhecido na literatura especializada. Em menos de 50 anos, o país realizou uma completa transformação estrutural e complexificou sua economia majoritariamente rural, se tornando a segunda maior potência econômica mundial em 2010. Nesta história econômica, são vários os episódios importantes bem conduzidos pelo governo chinês que corroboram para esse êxito, como as reformas de Deng Xiaoping, o ingresso na Organização Mundial do Comércio, a Iniciativa Belt and Road, entre outras estratégias. Contudo, esse projeto de desenvolvimento só se viabilizou a partir de um aumento crescente da pegada ecológica e da demanda por recursos biofísicos. Neste sentido, a posição ecológica global da China guarda muitas contradições fortemente relacionadas a sua história de ascensão internacional e sua posição particular geopolítica global entre o Sul e o Norte global. É nesse contexto que o presente artigo se situa, buscando sistematizar e analisar quantitativamente e qualitativamente a pegada ecológica da China por meio de indicadores biofísicos, bem como destacando os principais setores responsáveis. Para tanto, a reconstrução histórica, política e econômica do processo de ascensão internacional chinesa será combinada com dados gerados a partir de uma análise multirregional de insumo-produto (MRIO). O período de análise compreende os anos de 1990 a 2020, que abrange o início do aumento exponencial das trocas internacionais da China com o resto do mundo até o momento atual. A pesquisa ambiciona contribuir com a discussão das características especiais do poder chinês em um contexto em que questões ecológicas ganham cada vez mais maior relevância na esfera pública e no campo da geopolítica.