Resumo
A exitosa estratégia chinesa de desenvolvimento tecnológico a partir da absorção de competências tecnológicas estrangeiras foi alvo, no início dos anos 2000, de insatisfações por autoridades públicas do país asiático. Se, até então, a China conseguira melhorar sua posição nas cadeias globais de valor e operar a modernização e diversificação da sua estrutura produtiva, passou a fazer parte do debate político a sensação de que a continuidade de trajetórias de upgrading dependeriam de uma nova estratégia em termos de inserção produtiva internacional. Este artigo parte da noção de monopólio intelectual para discutir o programa Indigenous Innovation, enquanto proposta concebida para lidar com a ampliação das dificuldades impostas à China nos marcos das cadeias globais de valor (CGV). Para além do estabelecimento de um regime de IP com características chinesas, funcionais ao objetivo do país em ocupar espaços estratégicos nas CGVs, o Indigenous Innovation propõe o avanço de capacitações domésticas coerentes tanto com a fronteira tecnológica alcançada em nível internacional, quanto com questões específicas da realidade do país asiático. Ao tratar a inovação e a tecnologia como resultados de esforços coletivos, sistêmicos e interativos, pressupõe o envolvimento de uma gama variada de atores, guiados por um Estado com as funções estratégicas não somente de financiar, executar e encorajar projetos de alto risco, mas de estabelecer os problemas a serem resolvidos, direcionando o desenvolvimento tecnológico ao objetivo de preservar a continuidade do processo de desenvolvimento econômico, mudança estrutural e melhoria das condições de vida da população chinesa.
Referências
INTROINI, M. P. A reorientação da estratégia tecnológica da China: uma resposta aos desafios do capitalismo de monopólio intelectual. Seminário Pesquisar China Contemporânea, Campinas, SP, p. e022014, 2022. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/chinabrasil/article/view/4843. Acesso em: 24 abr. 2023.
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