Convergindo com a Pátria

o papel da identidade nas crescentes interações políticas entre Macau e a China continental

Resumo

A presente pesquisa foi norteada pela seguinte pergunta: Por que Macau tem convergido politicamente com a China continental? A principal hipótese é a de que Macau possui uma identidade local flexível e não exclusiva, o que facilita seu processo de “continentalização” e favorece uma maior estabilidade política na região, em contraste com a realidade de Hong Kong. A pesquisa utiliza como base teórica o pós-colonialismo, promovendo uma análise histórica e uma perspectiva comparada entre Macau e Hong Kong, e foca em materiais publicados, tais como artigos e livros acadêmicos, documentos governamentais, dados quantitativos e declarações oficiais, nas línguas inglesa, portuguesa e chinesa. Sem dúvida, o tema analisado é relevante para uma maior compreensão das políticas interna e externa da China. Macau tem sido amplamente negligenciada pelo campo dos estudos chineses no Brasil e no exterior, e, consequentemente, o debate sobre sua identidade e seus impactos políticos é incrivelmente limitado, motivo pelo qual esta pesquisa tem o intuito de preencher um vácuo de conhecimento na área. A conclusão é a de que identidades coletivas em Macau e Hong Kong são um fator significativo para explicar uma maior ou menor convergência política em relação à China continental e, portanto, um maior ou menor nível de estabilidade política na dinâmica de “continentalização”. No caso de Macau, percebe-se a existência de um processo de incorporação, em vez de repressão, de componentes locais, nacionais e internacionais a sua identidade, resultando na coexistência de elementos identitários que são valorizados e promovidos com objetivos político-econômicos e socioculturais.