Resumo
Este trabalho discute os sentidos do terreno baldio na série de gravuras de Sistema de defensa de mí misma (2009-11), da argentina Mariana Sissia (1980). Para buscarmos as possibilidades de interpretação desse motivo, recorreremos, dialogicamente, aos escritores Jorge Luis Borges e Rodolfo Walsh. Estabeleceremos intertexto, também, com figurações dos vazios urbanos nas pinturas Una calle de Barracas (1939), de Horacio March, e Una periferia (1921-2), de Mario Sironi. Concluiremos que os espaços de construção abandonados e as ruínas da cidade são alegorias de uma pulsão suicida e de sensações de ameaça, na obra de Sissia. Nosso conceito de suicídio se enraíza na relação contraditória entre sujeito e cidade, segundo Walter Benjamin. Paralelamente, os planos topográficos e telescópicos de En otro mundo la belleza es extraña (2011-12) serão analisados também alegoricamente, como metáforas de aura poética e como resistência simbólica a distopias neoliberais e pós-industriais.
Referências
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