Prestígio, arte e leilão na festa do santo padroeiro
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Palavras-chave

Festa
Tradição
Técnica
Classe
Sorte

Como Citar

MACHADO, Carlos Eduardo. Prestígio, arte e leilão na festa do santo padroeiro. Proa: Revista de Antropologia e Arte, Campinas, SP, v. 8, n. 2, p. 157–180, 2018. DOI: 10.20396/proa.v8i2.17593. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/proa/article/view/17593. Acesso em: 20 maio. 2024.

Resumo

O artigo explora os sentidos e as relações de prestígio em Borá, interior do Estado de São Paulo, a partir da etnografia realizada na festa de Santo Antônio, santo padroeiro homenageado desde o início do povoamento pelas famílias pioneiras. Os descendentes desses pioneiros são protagonistas na organização da festa e se orgulham da tradição do preparo das leitoas e do prestígio que atrai as elites locais. Se os “ricos” se interessam pelos leilões, os pobres e os arrastados (categoria nativa aplicada aos trabalhadores da usina de cana-de-açúcar) querem tentar a “sorte” no sorteio das leitoas (ou esperar que a sorte os “encontrem”), “curtir a festa”, conhecer mulheres e apreciar o “movimento” na pequena cidade. Considerando o papel de “festeiro”, a valorização das habilidades e técnicas na arte do preparo das leitoas, os marcadores de classe e experiências de lazer, busca-se pensar as diversas artes sociais e suas tramas no mundo das festas.

https://doi.org/10.20396/proa.v8i2.17593
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