Habitar o moderno
Na imagem, há seis caixas de papelão com desenhos no fundo, dispostas em duas fileiras. Na fileira superior, a primeira caixa apresenta o desenho de uma árvore sem folhas, a segunda caixa apresenta uma tartaruga e a terceira caixa apresenta uma cadeira de rodinhas estofada. Na fileira inferior, a primeira caixa apresenta uma penteadeira com espelho de cabeça para baixo e as duas últimas caixas juntas formam o desenho de uma mesa de ponta cabeça. No canto superior direito, há o nome da revista e abaixo dele, a indicação de "10 anos". Na parte inferior, estão as informações sobre o volume e número da revista, bem como o ISSN.
PDF

Palavras-chave

Encomendante
Habitus
Habitação
Estilos de vida
Arquitetura moderna

Como Citar

ROSATTI, Camila Gui. Habitar o moderno: habitus e estilo de vida conformando os modos de morar. Proa: Revista de Antropologia e Arte, Campinas, SP, v. 9, n. 2, p. 18–46, 2019. DOI: 10.20396/proa.v9i2.17350. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/proa/article/view/17350. Acesso em: 2 maio. 2024.

Resumo

Neste artigo proponho pensar a relação de homens com os espaços em que vivem tratando de uma forma de moradia bem específica, a casa moderna. Valendo-me das contribuições de Norbert Elias e Pierre Bourdieu, busco articular os estilos de vida aos modos de morar interpelando a habitação a partir da noção de habitus, entendida como uma maneira de ser e também de habitar marcadas por disposições herdadas e adquiridas. A abordagem se vale da ferramenta da reconstituição biográfica, o que dá centralidade ao cliente, contrastando, assim, com que é feito na historiografia canônica da arquitetura. O local de ancoragem desse exercício de análise é a residência encomendada pelo médico polonês Febus Gikovate ao arquiteto e professor universitário Vilanova Artigas, no final dos anos 1940, em São Paulo.

https://doi.org/10.20396/proa.v9i2.17350
PDF

Referências

ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. Metrópole e Cultura: São Paulo no meio do século. Bauru, SP: EDUSC, 2001.

BARDI, Lina Bo. “Casas de Vilanova Artigas”. Revista Habitat, n. 1, 1950.

BECKER, Howard., “Biographie et mosaïque scientifique”. Actes de la recherche en sciences sociales, 62/63, junho, 1986.

BESSIN, Marc. “Parcours de vie et temporalités biographiques: quelques éléments de problématique”, Informations sociales 2009/6 (n° 156), p. 12-21.

BONDUKI, Nabil. Origens da Habitação Social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.

BOUDON, Phillipe. Pessac de Le Corbusier: étude socio-architecturale.‎ Préface de Henri Lefèvre. Paris, Dunod, 1969.

BOUDON, Philippe. ‎Pessac de Le Corbusier. 1927 - 1967, Etude socio-architecturale. Préface de Henri Lefebvre. Suivi de Pessac II, Le Corbusier, 1969 – 1985.‎ Paris, Dunod. 1985.

BOURDIEU, Pierre. « Les trois états du capital culturel », in Actes de la recherche en sciences sociales, Paris, n. 30, novembro de 1979, p. 3-6.

BOURDIEU, Pierre. La Distinction. Critique sociale du jugement, Les Éditions de Minuit, 1979.

BOURDIEU, Pierre, “L’Illusion biographique”, Actes de la recherche en sciences sociales, 62/63, junho, 1986.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa: Difel, Rio de Janeiro: Bertrand, 1989.

BOURDIEU, Pierre. As estruturas sociais da economia. Porto: Campo das Letras, 2006.

LOPES, Juarez Brandão. “O consumo da arquitetura nova” Revista Ou... n°4, junho, 1971.

CANDIDO, Antonio; “Magistério Discreto”. Recortes, São Paulo: Cia das Letras, 1993.

CASTELNUOVO, Enrico. Retrato e Sociedade na Arte Italiana: ensaios de História Social da Arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

CHAMBOREDON, J. C., LEMAIRE, M. “Proximitpe spatiale et distance sociale. Les grands ensembles et leur peuplement”. Revue Française de Sociologie, XI, p. 3-33, 1970.

CHARLE, Christophe. “Situation spatiale et position sociale”. In: Actes de la recherche en sciences sociales. V. 13, février 1977. L’économie des biens symboliques. pp. 45-59.

CHOMBART de LAUWE, Paul-Henry. Famille et habitation, Paris, CNRS, 1960.

CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos. Dicionário da Arquitetura Brasileira. Edart: São Paulo, 1972.

DEDECCA, Paula Gorenstein. Sociabilidade, crítica e posição: o meio arquitetônico, as revistas especializadas e o debate do moderno em São Paulo (1945-1965). Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

DUBAR, Claude e NICOURD, Sandrine. Les biographies en sociologie. Éditions La Découverte, Paris, 2017.

DURAND, José Carlos. A profissão de arquiteto: estudo sociológico. Rio de Janeiro: CREA, 1972.

DURAND, José Carlos. Arte, privilégio e distinção. Artes Plásticas, Arquitetura e Classe Dirigente no Brasil, 1855/1985. São Paulo: Perspectiva/EDUSP, 1989.

ELIAS, Norbert. A sociedade de corte. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

GILBERT, Pierre. Troubles à l’ordre privé. Les classes populaires face à la cuisine ouverte. Actes de la Recherche em Sciences Sociales, n. 215, p.102-119, 2016.

GIKOVATE, Flávio. Gikovate além do divã. Autobiografia. São Paulo: MG Editores, 2015.

HADDAD, Élie “Qu’est-ce qu’une “maison”? De Lévi-Strauss aux recherches anthropologiques et historiques récentes”, L’Homme, 212, 2014, 109-138.

HASKELL, Francis. Mecenas e Pintores: arte e sociedade na Itália Barroca. São Paulo: Edusp, 2007.

HECKER, Alexandre. Socialismo sociável: história da esquerda democrática em São Paulo (1945-1965). São Paulo, UNESP, 1998.

JAOUL, Marie. “LES MAISONS DE L’ENFANCE. La Maison Jaoul”. L’Architecture d’Aujourd’hui nº 204, setembro, 1979.

LAMAISON, Pierre, 1987, « La notion de maison : entretien avec C. Lévi-Strauss », Terrain, n° 9, pp. 34-39.

LÉGER, Jean-Michel, DECUP-PANNIER, Benoête. La famille et l'architecte : les coups de dés des concepteurs”. Espaces et sociétés, 2005/1 (n° 120-121), p. 15-44.

LÉVI-STRAUSS, Claude. “L’organisation sociale des Kwakiutl”, in La Voie des masques. Paris, Presses pocket (« Agora » 25) : 141-164.

MICELI, Sergio. Imagens negociadas: retratos da elite brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

MORSE, Richard. De comunidade à metrópole. Biografia de São Paulo. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo. 1954.

MEYER, Regina, Metrópole e Urbanismo: São Paulo anos 50. Tese (Doutorado). FAU USP, 1991.

NASCIMENTO, Flávia Brito do; SILVA, Joana Mello de Carvalho e; LIRA, José Tavares Correia de; RUBINO, Silvana Barbosa (orgs). Domesticidade, gênero e cultura material. CPC USP e Edusp, 2017.

PASSERON, Jean-Claude, 1990 “Biographies, flux, itinéraires, trajectoires”. Revue française de sociologie, nº31 (1), 1990.

PETROSINO, Maurício Miguel. João Batista Vilanova Artigas – residências unifamiliares: a produção arquitetônica de 1937 a 1981. Dissertação de Mestrado, FAUUSP, 2009.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento e silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol.2, n.3, 1989.

PONTES, Heloisa. Destinos mistos, os críticos do Grupo Clima em São Paulo (1940-1968). São Paulo, Companhia das Letras, 1998.

RAMOS, Graciliano. Memórias de um cárcere. São Paulo: Editora Record, 2008.

RUBINO, Silvana. “Corpos, cadeiras, colares: Charlotte Perriand e Lina Bo Bardi”. Cad. Pagu, Campinas, n. 34, p. 331-362, Junho, 2010.

SAIA, Luis. “Notas sobre a evolução da Morada Paulista”. Revista Acrópole. Nº201, 1955. pp.393-395.

SINGER, Paul. “A bandeira que empunhou continuará a inspirar os brasileros. Um socialista”. São Paulo, Jornal da República 24 de outubro, 1979.

SCHMITT, Jean-Claude. “L’autobiographie comme récite de conversion”. L’Atelier du Centre de recherches historiques. Revista eletrônica do CRH. Dossiê: Ecrire les écritures. Hommage à Daniel Fabre, 2017.

SEGAUD, Marion. Antropologia do espaço: habitar, fundar, distribuir, transformar. São Paulo, Edições Sesc, 2016.

SERAPIÃO, Fernando Castelo. Arquitetura revista: a Acrópole e os prédios de apartamentos em São Paulo. 1938-1971. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2005.

STEVENS, Garry. O círculo privilegiado: fundamentos sociais da distinção arquitetônica. Brasília, Editora da UnB, 2003.

VOLPE, Maíra Muhringer. O divã no palco: discurso terapêutico, indústria cultural e a produção de bens culturais com pessoas comuns. 2013. Tese (Doutorado em Sociologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

WOLFE, Tom. Da Bauhaus ao nosso casos. Rio de Janeiro, Rocco, 1990.

WOLFF, Sílvia Ferreira Santos. Jardim América: o primeiro bairro-jardim de São Paulo e sua arquitetura. São Paulo: EDUSP, FAPESP, Imprensa Oficial, 2001.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2019 Camila Gui Rosatti

Downloads

Não há dados estatísticos.