Resumo
A prática de enfeitar as ruas para receber o sagrado manifesto remonta ao uso de oferendas ao divino e na representação do drama social. Os antigos tapetes eram ornamentações de cunho popular, realizadas como meio expressivo de crenças religiosas na Europa. Em períodos medievais tal prática contextualizava relações diretas entre a dádiva e a retribuição, estabelecendo influências no uso de calendários agrícolas para a manutenção e prática dessas tradições. Esse objeto (tapete) evidencia especificidades próprias da sociedade que o construiu. Prepara o caminho ao sagrado, contudo, numa via constituída por um meio efêmero, fugaz. Ele retrata de maneira primorosa o entendimento da comunidade sobre o rito, e por sua vez, sobre a festa. A partir de experiências antropológicas em campo foram observadas as feituras dos tapetes de serragens, que ornamentam a via da procissão na festa de Corpus Christi, em Sabará/MG.
Referências
DUVIGNAUD, Jean. El Sacrifício inútil. México: Fondo de Cultura Econômica, 1997.
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a Dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas (1923-24). In: Sociologia e antropologia. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 1974.
PEREZ, Léa Freitas. Festa, religião e cidade: corpo e alma do Brasil. Porto Alegre: Medianiz, 2011.
SANTOS, Beatriz Catão Cruz. O Corpo de Deus na América; a procissão de Corpus Christi nas cidades da América portuguesa – século XVIII. São Paulo: Annablume, 2005.

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