A escrita no isolamento
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Palavras-chave

Antropologia
Desenho
Etnografia
Pandemia

Como Citar

SANTOS, Ana Clara Sousa Damásio dos. A escrita no isolamento: quando o desenho vira parte constituinte da etnografia. Proa: Revista de Antropologia e Arte, Campinas, SP, v. 11, n. 1, p. 373–384, 2022. DOI: 10.20396/proa.v11i1.16665. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/proa/article/view/16665. Acesso em: 16 jul. 2024.

Resumo

Há dias que não conseguimos escrever sobre o campo. A mão não desembola, as palavras ficam trancadas, ficam sem frase, ficam sem dedo, ficam sem papel. Elas não querem existir. Elas ficam presas em um mundo que não sei nominar. Às vezes elas não querem habitar um espaço tão inóspito e frio. Tento apanhá-las enquanto minha mãe me diz: “Você tem que se jogar para a vida! Ela foi feita para isso”. Em meio ao que ela chama de “vida” tantas coisas atravessam nossa escrita (como mais de mil mortos diariamente por COVID-19). Deixo as palavras quietas no próprio mundo por um tempo. Ainda assim, algumas grafias emergem tão tímidas e incompletas, com tanta falta de vontade e tão mal criadas. Outras composições vão ganhando espaço com os processos reticentes de escrever e fazer uma etnografia em meio a pandemia. Quando forçamos algo a crescer das nossas mãos, outras coisas desembolam, outras coisas existem (por mais tristes que sejam). Nada que cresce em meio a força, vinga. O processo de deixar florescer é essencial para que as palavras tenham cada vez menos medo e mais vontade.

https://doi.org/10.20396/proa.v11i1.16665
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Referências

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